Portugueses reciclam cada vez mais, com excepção do vidro
Primeiro trimestre do ano viu o número de toneladas recolhidas nos ecopontos aumentar 3% em relação ao mesmo período de 2022, mas foram recicladas menos mil toneladas de vidro.
Foram recolhidas 108.368 toneladas de embalagens nos ecopontos nacionais no primeiro trimestre do ano, um aumento de 3% em relação ao período homólogo de 2022. Mas nem tudo são boas notícias: a reciclagem de vidro teve uma quebra de 2% nos primeiros três meses do ano, segundo a Sociedade Ponto Verde.
Os dados do primeiro trimestre mostram que os portugueses reciclam mais e que o país continua, assim, a "atingir as metas da reciclagem das embalagens". A excepção é o vidro, que teve menos mil toneladas recicladas, de acordo com dados do Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens (SIGRE), e "merece particular atenção".
Em comparação com o primeiro trimestre de 2022, foi reciclado mais 9% de papel ou cartão (um total de 36.620 toneladas) e mais 2% de plásticas (19.589 toneladas). Segundo a Sociedade Ponto Verde, citando dados de desempenho do SIGRE, o crescimento mais efectivo foi verificado nas embalagens de cartão para alimentos líquidos (ECAL), com um aumento de 10% para 2161 toneladas.
"Estes dados revelam um aumento de reciclagem nas escolas, no qual há um volume mais significativo de pacotes de bebidas, e que estas estão a ser depositadas correctamente no ecoponto amarelo, fruto de acções educativas promovidas pela Sociedade Ponto Verde junto de alunos e professores", considera a entidade num comunicado enviado às redacções.
A descida verificada no vidro inverte uma tendência de crescimento que se observava ao longo dos últimos anos, alimentada por uma "estratégia específica para aumentar a recolha selectiva deste material", observa a Sociedade Ponto Verde, apelando a que cada português faça um pequeno esforço para superar as metas estabelecidas.
"Considerando que a actual taxa de reciclagem nacional deste material [vidro] é de 56% e o objectivo é chegar aos 75% até 2025, é fundamental uma maior mobilização por parte de todos os portugueses: se cada cidadão reciclar, pelo menos, mais duas garrafas de vidro por mês, as metas serão não só cumpridas como superadas", refere a nota.
A presidente executiva (CEO) da Sociedade Ponto Verde sublinha que a reciclagem de embalagens é "o único fluxo urbano a cumprir com as metas nacionais, com excepção do vidro". "É, por isso, fundamental convocar todos, quando o país tem novas metas para alcançar, não só nas embalagens como noutros materiais que fazem parte do nosso dia-a-dia enquanto consumidores", diz Ana Trigo Morais.
Em 2022, mais de 30 entidades ligadas ao vidro juntaram-se para lançar a Vidro+, uma "plataforma colaborativa" com o objectivo de incentivar a recolha de vidro para reciclagem. Na altura do anúncio, o presidente da associação Smartwaste, Aires Pereira, sublinhava o valor "muito baixo de 56% de reciclagem de vidro", bastante longe da meta para 2030 de 90%.
Também no ano passado, em Novembro, a associação ambientalista Zero lamentou uma taxa de reciclagem que se mantinha "vergonhosamente nos 21%", em reacção ao Relatório Anual sobre Resíduos Urbanos (RARU201).
Notícia corrigida às 13h. Uma nova versão do comunicado de imprensa corrigiu que a quebra no vidro representa menos mil toneladas recicladas.