Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais suspende Boaventura de Sousa Santos
Organismo internacional suspende todas as actividades com o académico português visado em acusações públicas de assédio.
O Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (CLACSO) anunciou a suspensão todas as actividades programadas com Boaventura de Sousa Santos e apela a uma "reflexão profunda em torno do assédio sexual nas instituições académicas".
Numa publicação divulgada no sábado na rede social Instagram, o CLACSO declara "tolerância zero e repúdio perante o assédio sexual".
"Perante os acontecimentos de notoriedade pública ocorridos no CES, de que tomámos conhecimento nos últimos dias, o CLACSO reafirma a sua postura de tolerância zero e de repúdio absoluto ao assédio sexual e solidariza-se com todas as pessoas afectadas por esta forma de violência", lê-se na mensagem.
"Deste modo, instamos a uma reflexão profunda em torno do assédio sexual nas instituições académicas e de investigação, que não são alheias às relações de poder que produzem relações desiguais e geram violência e assédio", acrescenta o organismo.
"Enquanto decorrem as investigações em curso, decidimos suspender todas as actividades de Boaventura de Sousa Santos no CLACSO", anuncia o conselho.
Boaventura de Sousa Santos é visado por várias mulheres em acusações de assédio e de condutas impróprias.
Na sexta-feira, o académico português anunciou o seu afastamento temporário do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, enquanto decorrem investigações ao caso.
O centro anunciou esta semana que irá nomear uma comissão independente para investigar as suspeitas de assédio sexual na instituição.
O CES demarcou-se das declarações públicas de Boaventura de Sousa Santos, que anunciou que irá processar as denunciantes, e de Bruno Sena Martins, também visado pelas acusações, e declarou que os actuais membros dos seus órgãos de gestão "não têm conhecimento de tentativas de averiguação ou ocultação de eventuais condutas inadequadas que tenham ocorrido no passado".
Na sexta-feira, mais de 250 académicos e nomes da cultura assinaram um manifesto de apoio às denunciantes de assédio.