De “Mais Habitação” para “Mais transferência”: PCP rebaptiza programa do Governo
Paulo Raimundo equiparou as opções do PS às de PSD, CDS, IL e Chega neste sector, dizendo que “no conteúdo e na opção de fundo estão de acordo”.
O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, acusou neste sábado o Governo de, "com o seu pomposo programa 'Mais Habitação'", apenas promover mais transferências de dinheiro público para benefícios fiscais dirigidos à banca e fundos imobiliários.
No encerramento do encontro nacional "Tomar a iniciativa — assegurar o direito à habitação para todos", que decorreu na sociedade de beneficência A Voz do Operário, em Lisboa, Paulo Raimundo equiparou as opções do PS às de PSD, CDS, IL e Chega neste sector, dizendo que "no conteúdo e na opção de fundo estão de acordo".
"Estão-se nas tintas para a resolução do problema da habitação, mas estão empenhadíssimos neste concurso de ideias para borlas fiscais e quem transfere mais aos grupos económicos e aos fundos imobiliários. O que querem todos é manter a lógica do mercado especulativo", acusou.
Na passagem mais aplaudida do seu discurso, Raimundo citou o conto do líder histórico comunista Álvaro Cunhal "Os Barrigas e os Magriços": "Agora que estamos a dias de comemorar Abril, o que é necessário não é engordar os Barrigas, o que faz falta é dar condições aos Magriços", exortou.
Referindo-se ao pacote para o sector a que o Governo chamou de "Mais Habitação", Paulo Raimundo sugeriu uma outra designação. "O que sobrou para o Governo e o PS apresentarem no seu pomposo programa "Mais Habitação" — ou se quiserem no "Mais transferência" — foram novos benefícios fiscais, novas transferências de dinheiro público para a banca, fundos imobiliários e grandes proprietários", criticou.
Paulo Raimundo acusou o PS de estar a dar "balões de oxigénio de bandeja à direita", considerando que PSD, CDS, IL e Chega apenas querem neste sector "ainda mais e mais depressa".
"O Governo e os seus comparsas querem que esta necessidade pública que é a habitação seja gerida em função dos interesses do mercado. Mal comparado, é como gerir uma empresa pública partindo dos critérios do sector privado, que é o que temos assistido na TAP", criticou.