O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, afirmou este sábado, no Vietname, que a recente fuga de informação do Pentágono, uma das maiores da última década, não afecta a relação e a cooperação entre os Estados Unidos e os seus aliados.

“A investigação está em andamento e estão a ser tomadas medidas importantes para proteger as informações”, disse Blinken em conferência de imprensa em Hanói, onde se encontra desde sexta-feira, antes de rumar a Karuizawa, no Japão, para participar num encontro com ministros dos Negócios Estrangeiros dos países do G7.

Questionado se teme que a fuga de informações possa perturbar a reunião com os seus homólogos do G7, Blinken respondeu: “O que ouvi até agora foi o apreço pelos passos tomados. A nossa cooperação não foi afectada”.

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ordenou na sexta-feira que os serviços de informação norte-americanos reforcem ainda mais a protecção dos documentos confidenciais.

“Enquanto continuamos a determinar a autenticidade dos documentos, instruí as agências militares e de informações para tomarem medidas para proteger e limitar ainda mais a distribuição de informações confidenciais. A nossa equipa de segurança nacional está a coordenar-se com os nossos parceiros e aliados”, disse o Presidente norte-americano.

Biden também elogiou a investigação em curso, bem como a resposta rápida das autoridades à divulgação dos documentos classificados do Pentágono (Departamento de Defesa norte-americano), alguns dos quais com informação sensível sobre a guerra na Ucrânia.

O principal suspeito é o luso-descendente Jack Teixeira, de 21 anos, membro da Guarda Nacional Aérea de Massachusetts, que já declarou perante um juiz em Boston e que foi formalmente acusado de “retenção e transmissão não-autorizadas de informações de defesa nacional” e de “remoção e retenção não-autorizadas de documentos ou materiais classificados”.

As duas acusações podem implicar uma pena máxima de até 15 anos de prisão. Jack Teixeira vai ficar preso preventivamente até à próxima audiência, agendada para quarta-feira, decidiu o tribunal federal de Boston.

Os documentos publicados online revelam preocupações dos serviços secretos norte-americanos sobre a viabilidade de uma contra-ofensiva ucraniana contra as forças russas, que invadiram a Ucrânia a 24 de Fevereiro de 2022, por falta de instrução militar e problemas de logística, bem como as preocupações dos Estados Unidos sobre a capacidade de Kiev continuar a defender-se dos ataques de Moscovo.

Dezenas de fotografias desses documentos foram divulgadas no Twitter, Telegram ou Discord nos últimos dias. Algumas delas estiveram a circular na Internet durante semanas, senão meses, antes de atrair a atenção da imprensa.

No entanto, as autoridades dos EUA não confirmaram publicamente a autenticidade de todos os documentos. Apesar disso, o Pentágono reconheceu que este caso representa um risco “muito sério” para a segurança nacional.

Alguns documentos também parecem indiciar a obtenção de informações secretas pelos Estados Unidos junto de alguns dos seus aliados, como Israel ou a Coreia do Sul, países que Washington tem estado a tentar tranquilizar nos últimos dias.