Montenegro responde a repto de Marcelo: PSD não fará nenhum tipo de aliança com o Chega

Perante os receios do Presidente da República quanto a uma eventual futura solução governativa protagonizada pelo PSD mas dependente do Chega, Montenegro vem garantir que não conta com aquele partido.

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Luís Montenegro com Marcelo Rebelo de Sousa, em Belém JOSÉ SENA GOULÃO

Cerca de um ano após ser eleito presidente do PSD, Luís Montenegro desfez finalmente as (muitas) dúvidas quanto à posição do líder social-democrata relativamente ao Chega. Num excerto da entrevista à CNN Portugal que será transmitida na noite desta sexta-feira, Montenegro aproveita para responder a Marcelo Rebelo de Sousa garantindo que não conta com o partido de André Ventura para nenhuma coligação nem para uma espécie de "geringonça" de direita.

“Quero garantir uma coisa aos portugueses: não vamos ter no Governo nem políticas nem políticos racistas nem xenófobos, nem oportunistas nem populistas – ou apoio político, se quiser”, atirou o presidente do PSD no mesmo dia em que o Expresso escreve que, no entendimento do Presidente da República, continuava a faltar "perceber se o PSD consegue disputar eventuais eleições antecipadas sem estar dependente do Chega", antes de qualquer decisão no sentido de uma dissolução da Assembleia da República devido à nova crise política causada pelo caso TAP.

"Nós não vamos ter o apoio de políticas ou políticos racistas, xenófobas que têm posições populistas altamente demagógicas e, sobretudo, não quero no meu governo imaturidade e irresponsabilidade", acrescentou. A decisão de Luís Montenegro de afastar em termos eleitorais qualquer entendimento com o Chega já foi aplaudida pelo professor universitário e ex-ministro de Pedro Passos Coelho Miguel Poiares Maduro, numa mensagem enviada ao PÚBLICO.

Já quanto à convicção do Presidente da República de que não há ainda uma alternativa política credível à direita, o líder social-democrata responde de forma taxativa: "Há, há uma alternativa e eu sou a alternativa com o meu partido, o Partido Social-Democrata. Isto é tão claro que mesmo o argumento que é utilizado – e que vale o que vale, já agora –, das sondagens, induz precisamente essa alternativa."

Esta é, assim, a segunda resposta em escassos dias de Luís Montenegro às dúvidas de Belém. Já na quarta-feira, o líder social-democrata contrapunha a Marcelo que o PSD é "alternativa" ao executivo chefiado por António Costa, isto depois de o Presidente da República ter reiterado a ideia de que nesta fase o segundo maior partido da oposição continuava a não se afirmar nas sondagens como real alternativa ao PS no caso de haver eleições legislativas antecipadas.

Clarificada a ambiguidade estratégica de Luís Montenegro relativamente ao partido Chega, o líder social-democrata tem nas eleições europeias do próximo ano um importante teste nas urnas, e embora mostre disponibilidade para eventuais conversas com outros partidos políticos, é muito provável que o PSD concorra sozinho.

Montenegro e Marcelo, segundo noticiou o Expresso no início da semana e confirmou o PÚBLICO, vão reunir-se na próxima terça-feira, oportunidade que será seguramente aproveitada pelo presidente do PSD para garantir ao Presidente da República que os sociais-democratas estão prontos para governar.

Desde que assumiu a liderança do PSD no congresso do partido realizado em Julho do ano passado, Montenegro, e a sua restante direcção, foi sempre afastando uma resposta definidora quanto a eventuais acordos com o Chega, afirmando que essa não era uma questão urgente para o país. Agora, com a pressão crescente de Marcelo, e com uma nova crise no PS e no executivo socialista, Luís Montenegro terá considerado ser altura para clarificar a posição relativamente à política de acordos do PSD.

Notícia actualizada com o contexto sobre a posição de Luís Montenegro em relação ao Chega

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