A região Noroeste da Austrália, que abriga o maior centro de exportação de minério de ferro do mundo, preparava-se nesta quinta-feira para enfrentar o ciclone tropical mais poderoso da região numa década, tendo mesmo encerrado um dos portos mais importantes do país e testemunhado uma “corrida” aos supermercados para a aquisição de bens essenciais.
O ciclone Ilsa, localizado no oceano Índico, a cerca de 250 quilómetros da costa australiana, foi classificado na manhã de quinta-feira como uma tempestade de categoria quatro. Esperava-se que atingisse o nível mais alto, categoria cinco, antes de atingir o solo no final da quinta-feira ou no início da sexta-feira, com ventos de até 285 quilómetros por hora, referiu a agência meteorológica australiana.
“Os ventos têm muita força, podem não apenas derrubar árvores e cabos de energia, mas também fazer voar objectos nos quintais, incluindo caravanas”, disse a meteorologista Miriam Bradbury à estação de televisão ABC.
A agência meteorológica referiu ainda, na mais recente actualização, que o Ilsa poderia atingir uma área pouco povoada com cerca de 600 quilómetros, que se estende do Norte de Port Hedland para leste, até ao Sul da cidade turística de Broome.
Líder mundial de exportação mineira
O Porto de Port Hedland, o maior ponto de exportação de minério de ferro do mundo, fechou na manhã desta quinta-feira. Na quarta-feira, a autoridade portuária tratou da remoção das embarcações que ali estavam estacionadas.
O porto é usado por empresas ligadas ao sector mineiro: Grupo BHP, Fortescue Metals e Hancock Prospecting, esta última detida pela multimilionária australiana Gina Rinehart. Já a Rio Tinto exporta do porto de Dampier, a oeste de Port Hedland.
A agência meteorológica disse que Port Hedland pode ser poupado pelo “núcleo muito destrutivo de Ilsa”, mas ventos com rajadas de até 155 quilómetros por hora ainda podem atingir a cidade mineira.
O Ilsa será o ciclone mais forte a atingir a região do extremo Noroeste do país desde o Christine, que cruzou a costa em Dezembro de 2013, segundo a meteorologista Jessica Lingard.
A BHP disse que está a acompanhar a evolução da situação, mantendo para já as operações mineiras e ferroviárias.
Um porta-voz da Fortescue afirmou que foram suspensas as operações de embarque, assim como as viagens não-essenciais, ainda que a empresa não espere impactos significativos nas operações nesta fase. Muitas das minas da região estão localizadas a centenas de quilómetros no interior.
Um alerta amarelo, que ordena que os moradores estejam prontos para se protegerem de um ciclone, foi emitido para várias cidades remotas. O alerta inclui Port Hedland, onde a maioria dos 15.000 residentes são funcionários de empresas de mineração.
Algumas prateleiras de supermercados já foram esvaziadas, de acordo com meios de comunicação australianos, verificando-se uma grande procura por bens essenciais como a água engarrafada, as frutas e a carne.