Biden acelera corte das emissões dos carros e abre caminho para os eléctricos
Uma série de metas postas em marcha pela presidência de Joe Biden e firmadas pela Agência da Protecção do Ambiente querem acelerar a transição energética do sector do automóvel.
A proposta da administração Biden feita na quarta-feira para cortar radicalmente as emissões dos tubos de escape e dos veículos poluidores está a caminhar rapidamente à medida que o futuro da produção automóvel nos Estados Unidos poderá tornar-se uma questão importante durante a campanha presidencial dos Estados Unidos no próximo ano.
A Agência de Protecção do Ambiente (EPA, na sigla em inglês) dos EUA está a movimentar-se com urgência para ordenar um corte de 56% nas emissões de gases com efeito de estufa dos veículos em 2032. Prevê-se que esta exigência vá resultar que, daqui a uma década, dois em cada três veículos vendidos sejam eléctricos.
Os Democratas dizem que a proposta irá poupar dinheiro aos consumidores no custo do combustível e irá impulsionar a indústria dos EUA, enquanto os Republicanos estão a criticar a ideia, dizendo que os carros serão demasiado caros e vão impedir os norte-americanos de comprar modelos de veículos alimentados a gás.
Depois do Donald Trump ter ganho a presidência do país em Novembro de 2016, a EPA rapidamente decidiu que as regras de eficiência energética instituídas pelo ex-presidente Barack Obama deveriam ser bloqueadas até 2025.
Sob a presidência de Trump, a EPA reverteu a decisão e fez andar para trás as normas impostas por Obama. A manobra teria aumentado o consumo de petróleo nos EUA em cerca de 500 mil barris de crude por dia durante a década de 2030.
O Presidente Joe Biden restituiu as regras de Obama em 2022, ordenando uma redução de 28,3% das emissões dos veículos em 2026. Além disso, em 2021 definiu um objectivo para 2030 de 50% dos novos automóveis vendidos serem ou veículos eléctricos ou veículos eléctricos híbridos plug-in (que não estão dependentes dos motores de combustão, como os veículos eléctricos híbridos leves).
O Presidente Biden, que se auto-intitula um “tipo que gosta de carros”, vai acelerar a adopção de veículos com zero emissões, disse a Casa Branca nesta quarta-feira. As regras da EPA são também cruciais para a administração atingir as metas do clima.
A EPA tem que finalizar as últimas normas até ao início de 2024. Se não o fizer, arrisca que um novo presidente e um novo Congresso em 2025 possam reverter facilmente essas normas.
“O plano de emissões proposto pela EPA é agressivo a todo o nível”, disse John Bozzella, director-executivo da Aliança para a Inovação Automóvel, uma associação comercial e grupo de lobby da indústria automóvel. “Define objectivos muito altos da electrificação dos automóveis para os próximos anos.”
Joe Biden tem-se recusado firmemente de definir uma data para pôr um fim à venda de veículos de combustão interna e não apoiou o plano da Califórnia de acabar com a venda de veículos alimentados a gasolina em 2035.
O Presidente disse também que pretende ser o candidato dos Democratas às presidências de 2024, mas ainda não fez o anúncio formal.
O administrador da EPA, Michael Regan, não quis apoiar o fim da venda de veículos a gasolina. “Não vamos forçar nenhuma tecnologia em particular a abandonar o mercado”, referiu na quarta-feira
A EPA está também a propor um corte de 60% nos poluentes atmosféricos que têm máximos definidos pelas agências de ambiente, como os óxidos de nitrogénio, tanto para os carros como para os camiões em 2032.
Alguns responsáveis do sector dos automóveis disseram em privado que os padrões agressivos da EPA para os gases com efeito de estufa, eliminação de créditos e cortes nos poluentes atmosféricos vão tornar impossível a venda de automóveis alimentados a gasolina em 2030.