TC escolhe três novos juízes: um de Lisboa, outro de Coimbra e um juiz do STA
Presidente da República irá empossar novos juízes no dia 25 de Abril. Novo presidente do tribunal será escolhido entre os pares na primeira reunião posterior.
Os dez juízes do Tribunal Constitucional (TC) eleitos pela Assembleia da República procederam esta quarta-feira à cooptação dos três novos membros do plenário, concluindo assim o longo e atribulado processo de escolha dos substitutos dos juízes que já terminaram o seu mandato.
Os novos juízes são Carlos Luís Medeiros Carvalho, juiz-conselheiro do Supremo Tribunal Administrativo (STA), João Carlos Simões Gonçalves Loureiro, professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, e Rui Rodrigo Firmino Guerra da Fonseca, professor Associado da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, informou o TC em comunicado.
Ao que o PÚBLICO apurou, as escolhas foram unânimes, excepto num caso: Rui Guerra da Fonseca teve nove votos a favor e um contra, o que não é considerado significativo. Para a cooptação ser bem-sucedida, bastam sete votos em 10.
A posse dos novos membros do plenário do TC terá lugar no dia 25 de Abril, pelas 15h no Palácio de Belém, e será dada pelo Presidente da República. Isso significa que, se o Presidente da República voltar a pedir a fiscalização preventiva da nova lei da eutanásia, já será apreciada pela nova composição do tribunal.
O plenário do Tribunal Constitucional é composto por 13 juízes, sendo dez eleitos pela Assembleia da República e três cooptados – ou seja, escolhidos por aqueles dez. Os três cooptados em funções já tinham terminado os respectivos mandatos de nove anos, um deles há quase ano e meio. O presidente, João Caupers, terminou o mandato no início de Março, mas o vice-presidente, Pedro Machete, estava em prolongamento desde Outubro de 2021 e Lino Ribeiro desde Julho do ano passado.
A polémica sobre o arrastar dos mandatos tinha vindo a avolumar-se desde que, em Maio do ano passado, foi chumbado o nome do professor universitário António Manuel Almeida Costa, cuja indicação esteve envolvida em polémica por causa das suas posições antiaborto e sobre os limites da liberdade de expressão.
Desde então, o processo de cooptação terá estado paralisado, sem reuniões marcadas por quem tinha essa competência – o juiz mais velho, José João Abrantes. Um dos motivos para esse impasse terá sido uma disputa entre faculdades de Direito, como noticiou o PÚBLICO em Março. O atraso no processo já tinha sido apontado pelo Presidente da República, criticado por diversas personalidades e até fundamento para uma invocação judicial de nulidade de uma decisão, por ter sido tomada por um dos juízes com o mandato findo.
Quem são os novos juízes?
A escolha dos novos nomes surge como uma busca de equilíbrio entre os três perfis e origens. O professor de Direito João Carlos Gonçalves Loureiro fez toda a sua vida académica na Universidade de Coimbra, onde se doutorou em 2004 com a tese intitulada “Constituição e Biomedicina. Contributo para Uma Teoria dos Deveres Bioconstitucionais na Esfera da Genética Humana”.
Uma das suas áreas de especialização é o Direito Constitucional e é visto como um conservador clássico, mas não extremado. O seu trabalho foi muito citado pela jurisprudência do TC durante o último período de intervenção externa em matéria de pensões.
Rui Guerra da Fonseca fez o seu percurso académico na universidade clássica de Lisboa, onde se doutorou em 2011 com uma tese sobre “O Fundamento da Autotutela Executiva da Administração Pública” e onde é professor associado de Direito Administrativo e Constitucional.
Consultor jurídico de várias entidades, públicas e privadas, e advogado, Guerra da Fonseca foi assessor, em 2005, do secretário de Estado adjunto e da Administração Local Eduardo Cabrita no primeiro Governo de José Sócrates.
Licenciado pela Universidade de Lisboa, onde chegou a dar aulas – assim como, mais tarde, na Universidade do Porto –, Carlos Medeiros de Carvalho é juiz desde 1990, tendo feito praticamente toda a carreira no Norte, até chegar ao Supremo Tribunal Administrativo em 2014.
Foi também coordenador regional do Norte do Centro de Estudos Judiciários [CEJ] para a formação de magistrados judiciais no âmbito da jurisdição administrativa e fiscal.