Montenegro responde a Marcelo: PSD está pronto para ser “alternativa” ao Governo

Classificando as revelações das audições sobre o caso TAP como vergonhosas, o líder do PSD assegura que o partido está pronto para governar e tem “total independência na sua acção política”.

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Montenegro assegura que o PSD está pronto para governar LUSA/FERNANDO VELUDO

Luís Montenegro considera que as primeiras audições na comissão de inquérito à TAP foram a prova de que "o país não está em boas mãos" com o Partido Socialista, nem com o actual Governo. Em resposta a Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente do PSD diz que o maior partido da oposição não está "no bolso de ninguém" e é uma alternativa ao actual executivo, estando pronto para assumir a liderança do país assim que o chefe de Estado decidir convocar eleições antecipadas.

À entrada para a cerimónia de posse dos órgãos sociais da CIP, em Lisboa, Luís Montenegro classificou como "uma vergonha" as revelações das primeiras semanas da comissão, sem nunca responder à pergunta sobre se o seu partido pretende apresentar uma moção de censura, depois de ter sido desafiado pelo Chega a fazê-lo.

"Até ao momento a comissão de inquérito tem sido muito importante, porque tem sido revelador do que é uma característica comum do exercício do Governo do PS: ligeireza na acção, nos procedimentos, informalidade, imaturidade, um exemplo de tudo o que não se deve fazer na gestão pública, seja ao nível das empresas, seja ao nível da governação", acusou. Luís Montenegro salvaguardou que a comissão irá "prosseguir os seus trabalhos e produzir as suas conclusões", mas considerou que o que se passou até agora já permite um comentário.

"É uma vergonha tudo o que tem estado presente nas audições: todo o envolvimento, quer do ponto de vista institucional, quer do ponto de vista procedimental, a forma como membros do Governo interferem, têm ingerência directa na gestão da empresa, a forma escandalosa como simulam pedidos de esclarecimentos e depois redigem os próprios esclarecimentos que a empresa dá ao país", criticou. E concluiu: "Têm sido múltiplos os exemplos de como o país não está em boas mãos com este PS e este Governo."

Na segunda-feira, o líder do Chega, André Ventura, desafiou o líder do PSD a apresentar uma moção de censura ao Governo, por considerar que existe uma "degradação permanente e evidente das instituições" e que se chegou a um "grau zero da política".

Ventura afirmou que, se o PSD não o fizer antes, o Chega apresentará uma moção de censura na próxima sessão legislativa. O Chega não o pode fazer antes dos primeiros dias de Setembro uma vez que já usou esse direito na presente sessão e a iniciativa foi chumbada. Luís Montenegro respondeu pouco depois, através de um tweet, mas sem nunca dizer se o PSD pretende ou não recorrer a esse instrumento regimental.

"PS e Chega cada vez mais juntos. Mostram ambos impreparação, ligeireza e imaturidade. Anunciar uma moção de censura com seis meses de antecedência é tão aberrante como ter nacionalizado a TAP para depois privatizar. Um bom Governo e uma boa oposição não são isto", escreveu Luís Montenegro, numa mensagem na sua conta oficial da rede social Twitter.

PSD está pronto para governar

O líder social-democrata adiantou ainda que o partido e ele próprio não estão "no bolso de ninguém" e assegurou estar pronto para governar "quando e se" o Presidente da República decidir suscitar eleições antecipadas.

Também em declarações à entrada para a sessão de posse dos órgãos sociais da CIP, o social-democrata respondeu às declarações de Marcelo Rebelo de Sousa, que na segunda-feira considerou ainda não existir uma alternativa ao Governo.

"Em primeiro lugar, o PSD é oposição ao PS e ao Governo e só. Em segundo, o PSD e o seu líder não estão no bolso de ninguém, têm total independência na sua acção política e, em terceiro, o PSD assegura ao país, aos portugueses e ao Presidente da República que é alternativa ao Governo do PS e que estamos prontos para assumir todas as consequências de ser alternativa quando for oportuno", afirmou.

O líder do PSD recordou que, em princípio, as legislativas serão apenas em 2026, mas assegurou que, "se o Presidente da República fizer uma avaliação diferente e suscitar um momento eleitoral antes de 2026", o partido e ele próprio estão prontos já "hoje para tudo o que for necessário".

Na segunda-feira, em declarações aos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que "a oposição não pode dar por garantido que o Presidente empurrado, empurrado, empurrado há-de, um dia, dar a dissolução", até porque "o Presidente não é refém da oposição". "O Presidente não está nem no bolso da oposição nem no bolso do Governo. Está no bolso dele, e é livre e independente", disse o chefe de Estado.