Braga usará título de Capital Portuguesa da Cultura para “celebrar” criação nacional
Após a derrota para Évora na corrida a Capital Europeia, Braga prepara-se para receber o título de Capital Portuguesa da Cultura. Quer aproveitar para promover a criação artística local e nacional.
Será a partir da “celebração” da criação artística nacional, “capacitação” do sector cultural local e “promoção” do contacto com parceiros internacionais que se definirá a estratégia de Braga para Capital Portuguesa da Cultura (CPC), título que acolherá em 2025 após ter perdido a corrida para Évora na candidatura a Capital Europeia da Cultura (CEC) em 2027.
A capital minhota, que partilhará o título de CPC com as restantes finalistas vencidas na candidatura a CEC – Aveiro em 2024 e Ponta Delgada em 2026 -, quer aproveitar o desígnio de 2025 para criar um “um momento de exaltação, quer de dinâmica cultural da cidade, quer da cultura portuguesa”, anunciou esta quarta-feira o presidente da Câmara Municipal, Ricardo Rio (PSD), durante a apresentação do evento.
O primeiro esboço da programação do evento anual só será conhecido no Verão deste ano, mas está já assente que predominará a apresentação de projectos de artistas locais e nacionais, de diferentes expressões artísticas, que ajudarão, acredita Cláudia Leite, administradora da empresa municipal Theatro Circo e coordenadora da equipa de candidatura de Braga a CEC 2027, a “criar um panorama cultural muito mais enriquecido na cidade e no país”.
Muitos das iniciativas que serão apresentadas nasceram da candidatura à CEC, “algumas do quais terão materialização mesmo antes de 2025”, como será o caso do Resistance!, projecto europeu que convida jovens locais a criarem uma performance sobre a relação entre Braga e o período da revolução portuguesa.
Embora estejam já definidos alguns princípios do programa para 2025, a organização do evento aguarda ainda por uma reunião, ainda sem data, com o Ministério da Cultura, que “trará uma orientação” mais clara sobre que objectivos a cumprir. A tutela, que anunciou a criação da CPC no dia do anúncio de Évora CEC 2027, vai atribuir dois milhões de euros a cada uma das finalistas vencidas. No caso de Braga, o município prevê, para 2025, um orçamento dedicado à cultura no valor de 15 milhões de euros, três dos quais afectos apenas às actividades ocorridas no âmbito da CPC. Deste modo, o evento contará com um orçamento de 5 milhões de euros, ao qual se poderão somar novos financiamentos comunitários.
O envelope financeiro destinado à cultura corresponde à vontade, lembrou Ricardo Rio, de “continuar o trilho de uma política cultural que não pode ter retorno face à realidade passada” e que usa a “cultura enquanto factor de competitividade para o território”. Nesse sentido, Braga tem já previstas as requalificações de vários equipamentos municipais, como o antigo Cinema São Geraldo – para onde está prevista a construção de um centro de Media Arts -, ou o Convento de S. Francisco de Real, e a criação do Francisco Sanches Cultural Hub.
Outro dos imóveis que ficará à disposição da cultura será o antigo balcão de uma entidade bancária, que integrava o edifício do Theatro Circo, local onde decorreu a apresentação desta quarta-feira. A parcela do edifício, que dispõe de três pisos, encontrava-se alienada e foi recentemente adquirida pela autarquia, no valor de 770 mil euros. O espaço será reconfigurado para acolher os ensaios da Companhia de Teatro de Braga, um serviço de mediação, residências artísticas, e um arquivo.