É o fim da Tupperware? Acções da empresa caíram 50% num só dia

É daquelas marcas tão conhecidas que se tornaram sinónimo dos seus próprios produtos. Os Tupperware estão em cozinhas de todo o mundo, incluindo Portugal. No entanto, a empresa está em crise profunda.

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A Tupperware, agora em crise, está presente em 70 países Miguel Manso

O futuro da Tupperware pode ser menos colorido do que os recipientes de plástico que fabrica há 77 anos. As acções da empresa começaram a semana a cair cerca de 50% em bolsa, dias depois de comunicar ao regulador norte-americano que há “dúvidas substanciais sobre a capacidade da empresa de continuar a sua actividade”.

As acções da Tupperware chegaram a valer apenas 1,32 dólares, um valor muito inferior aos 38,57 dólares registados em 2021, quando a procura pelos produtos da marca disparou durante a pandemia, muito por causa do maior número de pessoas a cozinhar em casa. Em 2022, a inflação e a normalização do quotidiano dos consumidores fez com que o volume de vendas voltasse a diminuir e, contabiliza o The Guardian, as acções da empresa caíram 95% nos últimos 12 meses.

Penalizada ainda pela subida das taxas de juro, bem como dos custos da resina e da mão-de-obra, e por problemas nas cadeias de distribuição, a marca viu-se forçada a subir os preços dos seus produtos para manter as margens de lucro, o que travou a recuperação da procura pelas caixas coloridas junto dos consumidores.

O CEO da Tupperware, Miguel Fernandez, referiu, em comunicado, que a companhia está a fazer esforços para "reverter” a situação. “A empresa está a fazer tudo o que pode para mitigar o impacto dos eventos recentes e estamos a agir imediatamente para procurar financiamento adicional e melhorar a nossa posição financeira”, afirmou.

A estratégia de recuperação económica da empresa poderá passar por extinguir postos de trabalho e vender alguns dos seus imóveis. Neil Saunders, da empresa de consultoria e análise de mercado GlobalData, citado pela CNN, aponta que algumas das dificuldades sentidas pela Tupperware se relacionam também com uma diminuição no número de vendedores e uma falta de ligação entre a marca e os consumidores mais novos. O The Guardian aponta o TikTok e o Instagram como plataformas onde a marca não tem expressão, em comparação com outros fabricantes de produtos semelhantes que estão a conseguir encontrar novos consumidores.

A Bolsa de Valores de Nova Iorque já ameaçou retirar as acções da Tupperware dos seus índices e deu à empresa um prazo de 30 dias para apresentar mais informação sobre as suas contas. A empresa mostrou intenção de entregar em breve um relatório anual de contas, mas admite “não haver certezas” de conseguir cumprir o prazo.

A Tupperware foi fundada em 1946 por Earl Tupper e ganhou fama pela forma como vendia os seus produtos porta a porta. Actualmente, os produtos da marca são vendidos em cerca de 70 países, incluindo em Portugal, onde conquistaram muitas cozinhas ao longo de décadas.

Nos últimos tempos, a marca tentou combater a imagem que se colou aos seus produtos, vistos sobretudo como recipientes para guardar restos, e tentou posicionar-se como uma marca mais sofisticada. Em 2019, por exemplo, apresentou uma colecção de luxo que continha um jarro de 36 euros, um guarda maçãs de 13 euros e uma palhinha reutilizável de 23 euros. No entanto, os últimos resultados financeiros mostram que a empresa não conseguiu renovar a sua imagem, nem conquistar novos consumidores.

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