Pelo menos 50 pessoas terão morrido após ataque aéreo a evento com opositores da junta militar birmanesa

Testemunhas e meios de comunicação locais dizem que há mulheres e crianças entre os civis mortos na região de Sagaing, bastião dos rebeldes que resistem ao golpe militar de 2021.

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Exército birmanês depôs Governo de Aung San Suu Kyi em Fevereiro de 2021 EPA/LYNN BO BO

Pelo menos 50 pessoas, incluindo civis, terão morrido nesta terça-feira numa vila da região de Sagaing, no Noroeste da Birmânia, bastião dos rebeldes que tentam resistir à junta militar que tomou o poder pela força no país asiático em 2021.

Várias testemunhas citadas pela BBC, pela Radio Free Asia, pela Al-Jazeera e por diversos meios de comunicação social locais e regionais denunciam um ataque aéreo, alegadamente levado a cabo por aviões do Exército, que teve como alvo a inauguração de uma sede administrativa local, que juntou dezenas de opositores e civis.

A junta militar não respondeu aos pedidos de comentário endereçados pela Reuters e por outros media nacionais e internacionais.

Um dos sobreviventes do ataque diz à BBC que há mulheres e crianças entre os mortos. Outro assumiu à Al-Jazeera que o número total de mortos deve aumentar nas próximas horas.

“Às 7h35 horas da manhã, a multidão foi atacada por caças e, depois destes, seguiram-se helicópteros Mi-35”, relata o jornalista Tony Cheng, da Al-Jazeera, que falou com testemunhas.

“A carnificina foi terrível. Todos os relatos que nos chegam dizem que [o ataque] envolveu civis, [o local estava] muito longe de ser um alvo militar legítimo”, acrescenta.

De acordo com a organização Acled, que monitoriza a guerra civil iniciada com o golpe militar de Fevereiro de 2021, o Exército birmanês realizou pelo menos 600 ataques aéreos em cerca de dois anos, recorrendo, sobretudo, a equipamento e a armamento comprados à Rússia e à China.

O Governo de Unidade Nacional, no exílio, diz ainda que este tipo de ataques matou 155 civis entre Outubro de 2021 e Setembro do ano seguinte.

“[Este ataque] é mais um exemplo do uso indiscriminado de força extrema contra civis”, criticou esta terça-feira o executivo exilado, num comunicado, citado pela Reuters.

Segundo as Nações Unidas, mais de um milhão de pessoas foram forçadas a deslocar-se, para fugir à guerra, e cerca de um terço da população total da Birmânia precisa de ajuda humanitária.

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