Champions: Benfica quer manter cotação em alta no mercado externo

Embate com o Inter Milão, na primeira mão dos quartos-de-final da Champions, é grande oportunidade para os “encarnados” escreverem uma página de história.

Foto
David Neres (em primeiro plano) na sessão de treino de segunda-feira, no Seixal LUSA/TIAGO PETINGA

Só há uma forma de acelerar o processo de recuperação da derrota sofrida no clássico da passada sexta-feira, diante do FC Porto: ganhar ao Inter Milão. Se conseguir fazê-lo esta noite (20h, TVI), na primeira mão dos quartos-de-final da Liga dos Campeões, o Benfica ficará mais perto de chegar às meias-finais, o que acontecerá pela primeira vez desde que a prova assumiu o formato actual. E isto significa que estará também mais próximo de revisitar os relvados italianos, dado o emparelhamento da ronda que se segue.

O campeonato é o campeonato, a Liga dos Campeões é a Liga dos Campeões. Pelo perfil das competições, pelo calibre dos adversários, são duas realidades distintas, mas o momento de forma das equipas é uma avaliação que se faz com base nas várias frentes em que estão envolvidas. No caso do Benfica, o desaire frente ao FC Porto (1-2), no Estádio da Luz, pôs fim a uma série de 16 jogos sem derrotas e deixou entreaberta a porta da luta pelo título; no caso do Inter, são agora seis os encontros consecutivos sem vencer, sendo que nas últimas oito partidas só ganhou uma (2-0 ao Lecce).

O passado, porém, não entra em campo e Roger Schmidt, treinador dos “encarnados”, insiste na ideia de um Benfica “de alto nível” para poder superar os milaneses. “Nesta fase da prova, temos de contar com adversários no nível máximo. É um jogo muito importante, ambas as equipas despenderam muita energia para chegar a esta eliminatória. Queremos jogar o nosso melhor futebol e temos de estar prontos para uma equipa com grandes jogadores, muitas opções no ataque e na defesa. Sabemos que precisamos de uma grande exibição”.

Foi precisamente isso que as “águias” não foram capazes de fazer na última partida, diante do FC Porto — adversário que o Inter Milão afastou nos oitavos-de-final da Champions. Um golpe que o treinador alemão faz questão de desdramatizar. “Perder jogos também faz parte do futebol. Perdemos um jogo importante, mas também ganhámos muitos antes e temos de aproveitar os triunfos para crescer, ma também quando perdemos temos de ser capazes de criar algo positivo. A equipa reagiu bem e nos últimos dias temos estado totalmente concentrados no Inter”.

Para poder manter a cotação em alta no mercado externo, superando a fase que alcançou na Champions da temporada passada (acabou eliminado pelo Liverpool), o Benfica precisará de todo o arsenal de recursos disponível, sabendo, de antemão, que não poderá contar com Nicolás Otamendi, por castigo. Lucas Veríssimo ou Morato, um dos dois será chamado a formar dupla no eixo da defesa com António Silva, mantendo-se o lado esquerdo nas mãos de Grimaldo, já recuperado e a postos para enfrentar o desafio.

Do lado do Inter, também há uma baixa entre os centrais (o eslovaco Milan Skriniar ainda não recuperou de uma lesão nas costas), a que se junta o criativo turco Hakan Çalhanoglu (problema muscular). Nenhum dos dois viajou para Lisboa, mas isso não deverá alterar a forma de os “nerazzurri” encararem o jogo. Embora o padrão passe por dominar as operações com bola (na esmagadora maioria dos jogos impõem-se na percentagem de posse), os milaneses não têm problemas em defender mais baixo no seu 3x5x2 se a isso forem obrigados, para depois activarem os ataques rápidos.

“É verdade que no campeonato o Inter tem sentido algumas dificuldades [é quinto classificado da Série A], mas tem tanta experiência, tanta qualidade e é um jogo tão especial para todos... Não há dúvidas de que estarão prontos para nos enfrentarem e temos de encontrar soluções para conseguir um bom resultado”, reforça Roger Schmidt.

Se atentarmos somente nas estatísticas, podemos destacar o facto de estarem frente a frente o segundo melhor ataque da Champions (os 23 golos do Benfica só são superados pelos 25 do Nápoles) e a segunda equipa com mais jogos sem qualquer golo sofrido (melhor do que os cinco do Inter, só os sete do Bayern). Mas os “nerazzurri”, no 9.º lugar do ranking dos remates, também são incisivos no ataque, ou não dispusessem de três avançados de luxo: Lautaro Martínez, Romelu Lukaku e Edin Dzeko.

Descrevendo o Benfica como “uma óptima equipa”, Simone Inzaghi, treinador do Inter, pede aos jogadores uma coisa acima de todas as outras: “Neste tipo de competições, será muito importante ter a cabeça no lugar. O Inter vai entrar no relvado com coração e cabeça. A cabeça será muito importante porque vamos ter de saber sofrer juntos. Todas as equipas que estão nesta fase são fantásticas”.

Sugerir correcção
Comentar