Há três dias que a Coreia do Norte não dá notícias

Responsáveis sul-coreanos estão preocupados porque ninguém atende o telefone nas duas linhas usadas para as comunicações diárias entre os dois países.

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A Coreia do Norte aumentou a sua actividade militar nas últimas semanas Reuters/KCNA

A Coreia do Norte pode ser um dos países mais isolados do planeta, mas isso não quer dizer que se mantenha incomunicado do mundo. Responsáveis norte-coreanos falam diariamente com responsáveis sul-coreanos para tratar de questões de segurança, mas há três dias que em Seul se tenta comunicar com Pyongyang e ninguém responde nas linhas telefónicas usadas para os contactos entre os dois países.

Um silêncio que se torna mais pesado porque na quinta-feira a Coreia do Norte acusou os Estados Unidos e a Coreia do Sul de estarem a fazer escalar a tensão na península ao ponto de estarmos “à beira de uma guerra nuclear”.

De acordo com um artigo na agência oficial de notícias norte-coreana KCNA, atribuído a Choe Ju Hyon, um analista internacional de segurança, e citado pela Al-Jazeera, “o histerismo imprudente do confronto militar dos EUA e dos seus seguidores contra a RPDC [República Popular Democrática da Coreia, nome oficial da Coreia do Norte] está a levar a situação na península da Coreia para uma catástrofe irreversível… à beira de uma guerra nuclear”.

O artigo, suscitado pelos exercícios conjuntos entre EUA e Coreia do Sul, alertava para o facto de a situação estar a chegar a um “ponto de explosão”.

Desde essa altura que a Coreia do Sul não consegue contactar a Coreia do Norte pelos meios habituais, normalmente feitos através dos serviços diplomáticos durante a semana e por via militar aos fins-de-semana.

Este domingo, de acordo com a Europa Press, que cita a agência oficial de notícias sul-coreana Yonhap, oficiais militares sul-coreanos tentaram estabelecer contacto mais uma vez com os seus congéneres norte-coreanos às 9h (1h em Portugal continental), mas sem êxito.

A suspensão total de comunicações entre os dois países que dividem a península da Coreia é muito rara e o silêncio actual chega numa altura em que Pyongyang está a levar a cabo testes de novas armas. No sábado, testaram um drone submarino com capacidade nuclear.

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Conjunto de fotos divulgado pela agência oficial de notícias da Coreia do Norte KCNA dos testes da semana passada de um 'drone' submarino com capacidade nuclear KCNA/EPA

De acordo com a Europa Press, a última vez que a Coreia do Norte interrompeu o contacto com a Coreia do Sul foi em 2017, dias antes de os norte-coreanos testarem um míssil balístico que sobrevoou o Japão.

Desde Março que os EUA e a Coreia do Sul realizam os seus exercícios militares anuais da Primavera, no mar e no ar, e que inclui um porta-aviões nuclear norte-americano, bombardeiros B-1 e B-52, bem como o primeiro grande exercício de desembarque anfíbio em larga escala em cinco anos.

“Os exercícios transformaram a península da Coreia num enorme barril de pólvora que pode explodir a qualquer momento”, acrescentou Choe Ju Hyon no texto publicado na quinta-feira, um dia depois da chegada dos B-52 norte-americanos.

A Coreia do Norte aumentou a sua actividade militar nas últimas semanas, realizando vários testes de novas armas, nomeadamente do Hwasong 17, o seu míssil balístico intercontinental de maior alcance. Também testou ogivas nucleares mais pequenas, um drone submarino nuclear ainda em fase de desenvolvimento e disparou vários mísseis de cruzeiro, incluindo a partir de um submarino.

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