Consciencializar para a endometriose
Em todo o mundo, cerca de 176 milhões de mulheres sofrem com a endometriose. Apesar de serem muitas as afetadas, conseguir um diagnóstico ainda é um desafio comum à maior parte delas. Um estudo feito nos Estados Unidos, no Reino Unido e na Austrália calculou em 9,28 anos o tempo que se leva desde o surgimento da doença até ao diagnóstico.
A endometriose é uma doença em que o tecido que normalmente reveste o interior do útero (endométrio) cresce fora do útero, em outras partes do corpo. Esse tecido pode crescer nos ovários, nas trompas de Falópio, na bexiga, no intestino ou em outras partes da pelve.
Os sintomas da endometriose podem variar de leves a graves, e algumas mulheres podem não apresentar nenhum sintoma. Os sintomas mais comuns da endometriose incluem:
- Dor pélvica intensa durante a menstruação (dismenorreia);
- Dor durante as relações sexuais (dispareunia);
- Dor durante a evacuação (disquesia);
- Dor durante a micção (disúria);
- Dor na região lombar ou abdominal inferior;
- Hemorragia menstrual intensa (menorragia) ou hemorragia irregular;
- Fadiga e cansaço crónico;
- Infertilidade.
A causa exata da endometriose ainda é desconhecida, mas existem várias teorias sobre como ela se desenvolve. Alguns fatores que podem aumentar o risco de desenvolver endometriose envolvem:
- Histórico familiar: se alguém da família tem endometriose, existe uma maior probabilidade de desenvolvê-la;
- Anormalidades no sistema imunológico: algumas pesquisas sugerem que mulheres com endometriose podem ter um sistema imunológico alterado que permite que as células endometriais se espalhem e cresçam fora do útero;
- Anormalidades no sistema reprodutivo: acredita-se que algumas mulheres possam ter uma anatomia pélvica única que permite que as células endometriais se espalhem;
- Menstruação retrógrada: é possível que durante a menstruação, algumas células endometriais passem pelo útero e sejam transportadas para outras partes do corpo, onde podem se implantar e crescer;
- Exposição a toxinas ambientais: há evidências de que a exposição a produtos químicos tóxicos no ambiente, como dioxinas, pode aumentar o risco de desenvolver endometriose.
No entanto, muitas mulheres com endometriose não têm nenhum desses fatores de risco conhecidos, e é possível que outras causas ainda não tenham sido identificadas. Março é o mês internacional da consciencialização para a endometriose.
O tratamento da endometriose pode envolver medicamentos para aliviar a dor, terapia hormonal para reduzir o crescimento do tecido endometrial e, em casos mais graves, cirurgia para remover o tecido afetado. Pode, ainda, ajudar a melhorar a fertilidade em mulheres com essa doença. A remoção cirúrgica do tecido endometrial afetado pode ajudar a melhorar a fertilidade, assim como a terapia hormonal.
A fertilização in vitro (FIV) pode ser uma opção para mulheres com endometriose que têm dificuldade em engravidar. Durante a FIV, os óvulos são retirados dos ovários e fertilizados com esperma num laboratório e os embriões são então implantados no útero da mulher.
A inseminação artificial é outra opção de tratamento para mulheres com endometriose que desejam engravidar. Durante a inseminação artificial, o esperma é colocado diretamente no útero da mulher no momento da ovulação.
Manter uma dieta saudável e praticar exercício físico, regularmente, pode também ajudar a melhorar a fertilidade em mulheres com endometriose.
Não esqueçamos que cada caso de endometriose é único, e que as opções de tratamento para a infertilidade podem variar de acordo com a gravidade da condição e as necessidades individuais de cada paciente.
É importante discutir as opções de tratamento com um médico especializado em fertilidade para determinar qual o melhor caminho a seguir.
O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico