O que precisa saber sobre os vírus dengue, Zika e chikungunya

OMS fez esta semana uma sessão sobre a propagação dos casos de várias doenças transmitidas por mosquitos e o impacto das alterações climáticas neste problema de saúde pública.

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OMS preocupada com propagação dos casos de várias doenças transmitidas por mosquitos do género Aedes Diego Herculano

A Organização Mundial de Saúde fez esta semana uma sessão sobre a preocupante propagação dos casos de várias doenças transmitidas por mosquitos do género Aedes.

Os especialistas destacam a ascensão das infecções da dengue, Zika e chikungunya e confirmam o impacto das alterações climáticas neste problema de saúde pública que está longe de ser um fenómeno exclusivo do hemisfério Sul. No contexto das alterações climáticas, estes mosquitos podem disseminar-se e estabelecer-se em todo o mundo, de forma muito rápida.

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Ilustração do vírus da dengue no sangue GettyImages

Eis alguns dados actualizados sobre estas três doenças e que foram divulgados esta semana pela OMS.

Dengue

A dengue é a infecção viral mais comum que se propaga dos mosquitos às pessoas. É mais comum em climas tropicais e subtropicais. Existem quatro serótipos distintos da dengue.

A maioria das pessoas que contraem dengue não terá sintomas. Mas, para as que têm, os sintomas mais comuns são febre alta, dores de cabeça, dores no corpo, náuseas e erupções cutâneas. A maioria das pessoas infectadas recupera bem no prazo de uma a duas semanas. Algumas pessoas desenvolvem dengue grave e precisam de cuidados hospitalares. Em casos graves, a dengue pode ser fatal.

Pode-se diminuir o risco de dengue evitando picadas de mosquitos, especialmente durante o dia. A dengue é tratada com medicamentos para a dor, uma vez que não existe actualmente nenhum tratamento específico. Uma vacina para evitar a febre de dengue – a Dengvaxia – está licenciada em alguns países e para alguns grupos. A OMS apenas a recomenda para pessoas que já tenham tido a infecção.

A incidência da dengue tem aumentado drasticamente em todo o mundo nas últimas décadas, com casos notificados à OMS a aumentar de 505.430, em 2000, para 5,2 milhões, em 2019. A região americana tinha reportado 2,8 milhões de casos e 1280 mortes em 2022. Esta tendência crescente continua em 2023, onde, até finais de Março de 2023, foram notificados 441.898 casos e 119 mortes. A propagação de casos no Sul é uma preocupação crescente. Bolívia, Paraguai e Peru.

A região europeia teve o vector estabelecido em mais de 24 países e tem relatado dengue e ou chikungunya regularmente desde 2010.

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Ilustração do vírus Chikungunya GettyImages

Foi também notificado um elevado número de casos no Sudão, 8239 casos e 45 mortes desde Julho de 2022. É bastante cedo para obter relatórios da Ásia, mas as tendências são preocupantes.

Chikungunya

O chikungunya é um vírus propagado pelos mosquitos Aedes que se encontram em quase todos os continentes e mordem principalmente durante o dia. Até à data, 115 países comunicaram a transmissão do Chikv.

O principal fardo da doença deve-se às deficiências crónicas e ao grave impacto na qualidade de vida. As manifestações clínicas variam de acordo com a idade e os recém-nascidos e os idosos correm maior risco de contrair doenças mais graves. Para além da idade, as condições preexistentes também foram identificadas como um factor de risco para o mau prognóstico da doença.

Há, neste momento, surtos de chikungunya no Paraguai, Argentina e Bolívia e alta circulação no Brasil e outros países da região. Como não há vacinas nem medicamentos disponíveis, os viajantes podem proteger-se ao evitarem a picada de mosquitos.

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Ilustração do vírus Zika GettyImages

Atípicos deste surto de chikungunya são os casos notificados de meningoencefalite aguda e mortalidade neonatal associada à doença. Quase 70% das mortes notificadas ocorrem em populações com mais de 60 anos de idade, na sua maioria com condições preexistentes, tais como diabetes, hipertensão e doentes imunocomprometidos. Cerca de 20% das mortes notificadas são em recém-nascidos infectados durante o parto.

Zika

O Zika é um vírus propagado pelos mosquitos Aedes que se encontram em quase todos os continentes e mordem principalmente durante o dia. O vírus Zika também pode ser transmitido sexualmente entre pessoas e de mãe para filho durante a gravidez.

Esta infecção foi considerada uma Emergência de Saúde Pública de Preocupação Internacional em 2016, com a identificação de recém-nascidos com microcefalia, nascimentos prematuros e abortos; e outras complicações neurológicas como a síndrome de Guillain-Barre em adultos na América continental.

A doença do vírus Zika diminuiu, a nível global, desde 2017, mas ainda ocorre a níveis baixos em vários países das Américas e outras regiões. Em 2016, foram notificados mais de 600 mil casos, mas foram estimadas milhões de infecções; seguidos de 50 mil, em 2017, e 30 mil, em 2018, que é o número médio de casos desde então. Até agora, em 2023, foram notificados 3000 casos na região das Américas, na sua maioria do Brasil, Bolívia, Guatemala, Belize, Colômbia.

Até à data, 89 países e territórios têm actualmente ou anteriormente propagado o vírus Zika pelos mosquitos Aedes. A emergência do Zika foi há oito anos, o que é tempo susceptível de constituir uma ameaça de uma nova epidemia.