Governo português “repudia” acusações russas na ONU

Embaixador da Rússia acusou países europeus, incluindo Portugal, de tirar menores às mães na Ucrânia.

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Embaixador russo junto das Nações Unidas, Vasily Nebenzya, diz que os países ocidentais querem abafar o caso DAVID DEE DELGADO/Reuters

O executivo de António Costa reagiu às acusações feitas esta quarta-feira pelo embaixador russo junto das Nações Unidas, Vasily Nebenzya, que acusou Portugal, Espanha e Alemanha de tirarem centenas de crianças ucranianas às suas mães para as levar para estruturas de acolhimento nos seus países. A sessão informal do Conselho de Segurança foi boicotada por muitos países ocidentais, que enviaram funcionários diplomáticos de segundo escalão.

"O Governo português repudia firmemente estas declarações do embaixador russo", respondeu por escrito o Ministério dos Negócios Estrangeiros, em resposta a um pedido de comentário do PÚBLICO.

Numa curta resposta, o Governo português reafirma "o seu apoio à Ucrânia nas diferentes dimensões, incluindo a do acolhimento aos ucranianos deslocados, vítimas da agressão da Rússia ao seu país".

O representante da diplomacia russa na ONU garantiu, esta quarta-feira, citado pela Lusa, que "o número de pessoas que passaram por isso está na casa das centenas". De acordo com Nebenzya, "crianças pequenas estão a ser levadas para centros de acolhimento por pessoas estranhas. As mães que estão a tentar recuperar as crianças são ameaçadas com processos criminais”, acusou o diplomata

A Rússia, que assumiu a presidência rotativa do Conselho de Segurança numa altura em que leva a cabo uma guerra na Ucrânia, realizou uma sessão especial dedicada a denunciar alegados raptos de crianças ucranianas que acabou por ser boicotada por mais de 50 países, em protesto contra o facto de as Nações Unidas darem palanque a um membro do Governo russo acusado de crimes de guerra. A comissária dos direitos das crianças, Maria Lvova-Belova, foi acusada de crimes de guerra pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), pelo seu papel no rapto de crianças ucranianas para território russo.

"Não lhe deveria ter sido dada uma plataforma na ONU para espalhar desinformação", escreveu no Twitter a missão do Reino Unido na ONU. "Se Maria Lvova-Belova quer prestar contas das suas acções, pode fazê-lo em Haia", onde está sediado o TPI.

Para o embaixador russo, no entanto, o boicote dos países ocidentais à reunião informal para abordar "as medidas tomadas pelas autoridades russas para retirar crianças em perigo", cita a Lusa, visa tão-somente abafar o assunto e não divulgar que há países europeus a retirar crianças às suas mães ucranianas, a levá-las da Ucrânia e a institucionalizá-las. com David Santiago

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