Bicicletas e trotinetas podem entrar na mobilidade da Jornada da Juventude

Apresentado Plano de Mobilidade e Transporte do encontro de Agosto. Lisboa vai ter de acolher mais 4000 autocarros e 125 mil veículos ligeiros.

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José Sá fernandes apresentou o Plano de Mobilidade e Transporte Daniel Rocha

Embora a organização da Jornada Mundial de Juventude aposte no espírito peregrino/caminhante dos jovens e nos transportes públicos, as bicicletas e trotinetas de aluguer podem ter um “capítulo” no Plano de Mobilidade e Transportes (PMT) do evento, cuja primeira fase foi nesta quarta-feira oficialmente a apresentada em Lisboa.

José Sá Fernandes, coordenador do Grupo de Projecto para a JMJ, e Isabel Pimenta, da empresa VTM, contratada para delinear como serão feitas as deslocações, revelaram alguns detalhes do primeiro de quatro sub-planos que vão “construir” o documento final.

Tal como o PÚBLICO já tinha revelado nesta quarta-feira, o plano para as deslocações dos mais de 1 milhão de peregrinos previstos para a JMJ assenta numa premissa: os jovens estão disponíveis para andar a pé e fazerem caminhadas relativamente longas. A mobilidade pedonal funcionará, assim, de forma articulada e complementarmente com o transporte público, que será a espinha dorsal da mobilidade ao longo da semana de 1 a 6 de Agosto.

Porém, na tarde desta quarta-feira, Isabel Pimenta não excluiu que a segunda fase do plano contemple uma estratégia em que as bicicletas e as trotinetas possam ser também um meio de transporte disponível para aceder aos locais onde se vão realizar os eventos da JMJ. Admitiu também a possibilidade de fazer algum tipo de acordo com as operadoras deste tipo de transporte.

No projecto podem também entrar os veículos TVDE e os vulgares táxis, nomeadamente com a existência de pontos exclusivos de paragem de tomada ou largada de passageiros, embora de momento não exista ainda nada definido.

Sá Fernandes confirmou que vai ser criado um passe de transportes exclusivo para os peregrinos inscritos, “com o preço o mais baixo possível”, como a ministra dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, com o pelouro da jornada, já tinha avançado na Assembleia da República.

O antigo vereador da Câmara Municipal de Lisboa no executivo de Fernando Medina não quis para já avançar qualquer valor, mas saudou o facto de o passe “já estar consensualizado com todas as empresas de transportes da Área Metropolitana de Lisboa”.

O plano foi elaborado contando com a possibilidade de Lisboa poder receber 1,2 milhões de pessoas, entre peregrinos inscritos e outros visitantes que podem vir a Lisboa a propósito da realização do evento

O PMT considera que dos 1,2 milhões de visitantes esperados, 200 mil (17%) já estarão na cidade de Lisboa desde o início do evento, 500 mil (42%) virão em transporte público regular, 200 mil (17%) virão em 4000 autocarros e 300 mil (25%) utilizarão o transporte individual, o que, neste caso, implica mais 125 mil carros a circular e a estacionar na cidade.

Este invulgar número de autocarros obrigará a que sejam encontrados novos locais de estacionamento e de tomada e largada de passageiros que não choquem com os já existentes. José Sá Fernandes afirmou que já estão identificados alguns locais mas, mais uma vez, não quis para já dar pormenores.

O sector dos transportes públicos tem sido alvo de várias greves nos últimos tempos, com o coordenador a revelar que, devido a este facto, “as operadoras estão a sensibilizar os seus trabalhadores e os sindicatos” para que não existam paralisações durante a jornada. “Todos são necessários. Todos”, acentuou.

Neste primeiro sub-plano não é feita qualquer referência ao transporte aéreo, mas o coordenador do grupo de projecto afirmou que vão ser envolvidos os três principais aeroportos portugueses e “provavelmente alguns espanhóis”.

Sé Fernandes revelou que a vertente do transporte aéreo “é a que está mais adiantada”, lembrando que as “forças de segurança já estão habituadas a trabalhar com elevados volumes de tráfego no Verão”. “Estou mais preocupado com as partidas de que com as chegadas”, afirmou, acrescentando que não está a ser pensado usar o Aeroporto de Beja como alternativa de apoio.

O coordenador justificou o facto de não adiantar para já mais pormenores sobre o plano citando o Papa Francisco: “A realidade vale mais que a ideia. (…) Este programa assenta em bases seguras.”

José Sá Fernandes acrescentou que a segunda parte do PMT já está a ser elaborada, devendo ser apresentada dentro de cerca de mês. Revelou ainda já estar em curso o Plano de Saúde para a JMJ, devendo ser conhecido “daqui a 30 dias”.

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