Lionel Messi foi assobiado pelos próprios adeptos. E agora?
O melhor jogador do mundo foi assobiado em Paris, PSG quer baixar-lhe o salário e Barcelona está a estender-lhe a mão para um final de carreira idílico. O futuro parece estar a ser desenhado.
Lionel Messi, o melhor jogador do mundo, foi assobiado pelos próprios adeptos. O PSG ganhou apenas quatro dos últimos dez jogos, o argentino está a ser visto como um dos culpados e, quando se cria uma situação deste género, algo grande está para acontecer.
Messi tem 18 golos e 17 assistências em 33 jogos? Tem. São números teoricamente elogiáveis? Sim. Mas Messi também é visto como o atleta que só corre para a frente, que precisa de uma equipa a trabalhar por si e que, pelo estatuto e salário, tem a responsabilidade de guiar o "veículo" para um bom destino – e não tem feito isso. Nessa medida, os adeptos (ou pelo menos parte deles) não estão dispostos a deixá-lo fora da mira, nem mesmo por ser Messi. Ou talvez especialmente por ser Messi.
“Há a expectativa de Messi e Mbappé desbloquearem situações difíceis. Messi tenta muito, mas, à sua volta, os outros jogadores também têm de fazer o seu trabalho. Os assobios são duros de ouvir, porque ele oferece muito – golos, assistências”, apontou Christophe Galtier, treinador do PSG.
Barcelona à espreita
Aos 35 anos, o jogador tem contrato com o clube francês até Junho, mas não será preciso uma bola de cristal para presumir que Messi dificilmente estará interessado em manter-se em Paris.
Não se trata apenas de ser assobiado pelos próprios adeptos e de lhe faltar glória europeia no PSG. Segundo aponta nesta terça-feira o L'Équipe, trata-se também de ter de aceitar baixar o salário em 25%, de forma a permitir ao clube cumprir os preceitos do fair-play financeiro.
Há, depois, o possível regresso a Barcelona, para um final de carreira idílico no clube que lhe deu tudo. O próprio Xavi, treinador dos catalães, já deixou no ar o interesse em contar com o argentino.
“Seria o primeiro a alegrar-me, se isso acontecesse (...) é normal que haja o sonho de uma última ‘dança’, como aconteceu com o Michael Jordan. Quem me dera voltar a vê-lo aqui. Este é o clube da sua vida”, apontou, há dois dias, em conferência de imprensa.
Messi assobiado em Paris, PSG a querer baixar-lhe o salário e Barcelona a estender-lhe a mão. O futuro parece estar a ser desenhado.
O abismo pós-Mundial
Como é que Messi e o PSG vieram parar a este abismo? É difícil explicar, sobretudo a quem tenha visto os primeiros meses da temporada.
Galtier conseguiu “inventar” um 3x4x3 bastante inteligente, já que conseguia ter as três estrelas na frente – Messi, Neymar e Mbappé –, mas sem perder consistência.
O técnico percebeu que tinha três centrais de alto nível (Ramos, Marquinhos e Kimpembe), bem como Hakimi e Nuno Mendes, dois laterais que são autênticos “comboios” no corredor e permitem à equipa ter as alas cobertas defensivamente, sem perder fulgor ofensivo – o marroquino e o português controlam ambas as vertentes do jogo.
O problema seria evitar que a equipa se partisse, já que teria três jogadores alheados do processo defensivo. E como não sofrer sem bola? Tendo-a consigo.
Com dois médios como Verrati e Vitinha, que se tornaram “donos da bola” nas partidas do PSG, Galtier conseguia que a equipa estivesse quase sempre em processo ofensivo – no fundo, usar os preceitos ofensivos para defender melhor.
Lesões por todo o lado
Neste contexto, tudo funcionava bastante bem. A equipa somou 18 vitórias em 22 jogos, venceu a Supertaça e era uma máquina de marcar golos.
Depois, veio o Mundial. E as lesões. E, por extensão, a necessidade de adaptação táctica. Para poder pagar tanto dinheiro aos principais jogadores, o plantel do PSG é bastante curto e mais curto ficou quando começaram a surgir lesões um pouco por todo o lado.
Na defesa, com Ramos e Kimpembe, nas alas, com Hakimi e Mendes, e no ataque, com Neymar, a equipa foi tendo “buracos” que obrigaram a mudanças tácticas – o 3x4x3 foi abandonado mais do que uma vez – e à aposta em jogadores de nível bem diferente da primeira linha. A título de exemplo, o PSG caiu nos “oitavos” da Champions com jogadores como Mukiele, Bitshiabu, Zaïre-Emery e Ekitiké.
Estes detalhes não explicam tudo, mas já dão uma ajuda.