Greve obrigou a suprimir 22% dos comboios programados até às 8h

Greves estendem-se até ao final do mês de Abril. Na próxima quinta-feira, 6 de Abril, a greve será de 24 horas.

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Nos últimos meses, os trabalhadores da CP têm cumprido vários dias de greve Matilde Fieschi

A greve da CP levou, nesta segunda-feira, à supressão de 57 dos 257 comboios programados até às 8h (o que corresponde a 22%), a maior parte dos quais nos serviços urbanos de Lisboa e regionais.

De acordo com a informação divulgada pela CP - Comboios de Portugal, dos 113 comboios programados nos serviços urbanos de Lisboa foram suprimidos 25 (22,1%), dos 67 previstos no serviço regional foram suprimidos 23 (34,3%), nos urbanos do Porto fizeram-se 47 dos 52 programados e nos urbanos de Coimbra cumpriram-se metade dos oito programados.

A greve não afectou o serviço de longo curso, uma vez que, entre as 0h e as 8h de hoje, se cumpriram todas as 12 ligações previstas.

Vários sindicatos deram início na terça-feira (28 de Março) a novas greves no sector ferroviário, que abrangem a Infra-estruturas de Portugal (IP) e a CP até ao final do mês, incluindo uma greve de 24 horas, na próxima quinta-feira.

Segundo um comunicado de uma plataforma de sindicatos, com representatividade na CP e na IP, entre 28 de Março e terça-feira haverá greve na IP das 0h às 2h e, até 30 de Abril, os sindicatos cumprem greve na IP e na CP a partir da oitava hora de serviço.

Além disso, até final do mês, “na CP, os trabalhadores cujo seu período normal de trabalho abranja mais de três horas durante o período compreendido entre as 0h e as 5h, entrarão em greve a partir da sétima hora de serviço” e, entre 10 e 30 de Abril, na IP, “os trabalhadores cujo seu período normal de trabalho abranja mais de três horas durante o período compreendido entre as 0h e as 5h, entrarão em greve a partir da sétima hora de serviço”.

No dia 6 de Abril, a greve será de 24 horas.

Os sindicatos que compõem esta plataforma são a Associação Sindical das Chefias Intermédias de Exploração Ferroviária (ASCEF); Sindicato Nacional dos Ferroviários Braçais e Afins (SINFB); Sindicato Independente dos Trabalhadores Ferroviários, das Infra-estruturas e Afins (SINFA); Sindicato Nacional dos Transportes Comunicações e Obras Publicas (FENTECOP), Sindicato Independente dos Operários Ferroviários e afins (SIOFA); Associação Sindical Independente dos Ferroviários de Carreira Comercial (ASSIFECO) e Serviços Técnicos Ferroviários (STF).

Segundo os sindicatos, “no dia 6 de Abril, caso não sejam decretados serviços mínimos, não se prevê a realização de comboios em Portugal”.

“A responsabilidade do impacto, quer financeiro, quer seja social, que advenha destas formas de luta será da total responsabilidade do Governo que ao não negociar com os sindicatos desconsidera os trabalhadores da IP e da CP e desrespeita os cidadãos portugueses que diariamente utilizam o transporte ferroviário”, lamentam.

Também o Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ) anunciou uma nova greve na CP, durante todo o mês de Abril, face à "atitude autista e de desconsideração" de que acusa a empresa.

Entre as reivindicações dos trabalhadores estão “aumentos salariais efectivos” e a “valorização da carreira da tracção” e a melhoria das condições de trabalho nas cabines de condução e instalações sociais e das condições de segurança nas linhas e parques de resguardo do material motor.

Ainda reclamada é uma “humanização das escalas de serviço, horas de refeição enquadradas e redução dos repousos fora da sede”, um “efectivo protocolo de acompanhamento psicológico aos maquinistas em caso de colhida de pessoas na via e acidentes” e o “reconhecimento e valorização das exigências profissionais e de formação dos maquinistas pelo novo quadro legislativo”.