É possível criar uma almôndega de mamute? Sim e o resultado está num museu
Empresa dos Países Baixos utilizou ADN de um mamute extinto para criar uma almôndega de carne artificial. O produto tem aroma a carne de crocodilo e ainda não está disponível para consumo.
Uma almôndega gigante de carne artificial com ADN de um mamute-lanudo (Mammuthus primigenius), animal já extinto há cerca de quatro mil anos, foi revelada no Nemo, um museu de ciências em Amesterdão, nos Países Baixos.
A almôndega foi criada pela Vow, uma empresa australiana de carne artificial (também conhecida como carne de laboratório ou carne cultivada), que queria apenas que as pessoas falassem sobre carne artificial, considerando-a como uma alternativa mais sustentável para a carne real.
“Queríamos criar algo totalmente diferente de tudo o que se pode comprar agora”, explica à agência Reuters o fundador da Vow, Tim Noakesmith, que apresentou a almôndega na semana passada. O empresário acrescenta que a escolha do mamute não é por acaso, já que os cientistas apontam que a extinção deste animal foi provocada pelas alterações climáticas.
A almôndega é feita de células de ovelha e às quais os cientistas inseriram um gene do mamute responsável pela produção de mioglobina, a proteína que contém o ferro e transporta o oxigénio no sangue. “Quando se trata de carne, a mioglobina é responsável pelo aroma, pela cor e pelo sabor”, diz James Ryall, director científico da Vow.
Como a sequência de ADN do mamute obtida pela Vow tinha algumas falhas, a empresa utilizou ainda o ADN do elefante-africano para completar essa sequência. “É muito similar ao filme Jurassic Park”, afirma James Ryall, destacando que a grande diferença é que aqui não estavam a criar animais reais, como os dinossauros do filme.
Apesar de a criação de carne artificial significar geralmente o uso de sangue de um vitelo morto, a Vow utilizou uma alternativa, o que significa que nenhum animal foi morto na criação desta almôndega com ADN de mamute.
A almôndega, que tem aroma de carne de crocodilo, ainda não está disponível para consumo.
“A proteína da almôndega tem, literalmente, quatro mil anos de idade. Não a víamos há muito tempo. Portanto, queremos submetê-la a testes rigorosos, como faríamos com qualquer produto que colocássemos no mercado”, diz Tim Noakesmith.
A empresa australiana quer colocar a carne artificial no mapa da União Europeia, um mercado onde este tipo de carne, enquanto alimento, ainda não é regulamentado.