Ala crítica do PAN anuncia candidatura à direcção com Nelson Silva à cabeça

Oposição interna quer vincar a matriz ecológica do partido e zelar pelo bem-estar dos animais, mas também apostar em chegar a mais eleitores de “diversos sectores”.

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Nelson Silva, ex-deputado do PAN, será o cabeça de lista Rui Gaudencio

Uma ala crítica da actual direcção do PAN anunciou nesta sexta-feira a candidatura à liderança do partido. O candidato a porta-voz será o ex-deputado Nelson Silva, que em Fevereiro do ano passado, após o mau resultado eleitoral do partido nas legislativas, deixou a comissão política nacional do PAN, juntamente com outros dirigentes, com acusações de falta de democracia interna. O congresso em que os críticos vão disputar a liderança com Inês Sousa Real terá de acontecer até Junho, mas ainda não foi convocado.

Com críticas à actual direcção por não avançar com a data da reunião magna, a chamada "corrente de opinião 'Mais PAN, Agir para Renovar'" sustenta, na nota de imprensa a que o PÚBLICO teve acesso, que quer "dar início a uma trajectória de recuperação eleitoral", alterando o "rumo estratégico do partido", mas mantendo a matriz ecológica e animalista do partido.

"Queremos afirmar o PAN como a força da ecologia política em Portugal, uma força presente na construção de soluções para os grandes problemas ecológicos, sem esquecer a luta pelo bem-estar animal, parte integrante da ecologia e da matriz fundacional do PAN", declara.

Outro objectivo apontado pela oposição interna é que o PAN esteja "mais presente na vida dos portugueses" através da "defesa dos pilares do Estado social democrático", como a "saúde, educação, habitação, emprego, segurança e justiça social".

A linha crítica aposta ainda no reforço da oposição do partido ao Governo. "É necessário um PAN mais exigente para com o Governo de António Costa, um PAN escrutinador da actividade governativa e que não se deixe ludibriar pelas 'pequenas conquistas' negociadas com o primeiro-ministro", afirmam os militantes, numa referência às viabilizações dos dois últimos orçamentos do Estado por parte da deputada única, o que, argumentam, "nada acrescenta de valorização política ao partido".

Por outro lado, os críticos olham para dentro, pedindo um PAN "mais democrático e livre", em que os militantes tenham "mais poder de decisão e possibilidade de participação", por oposição às "tentativas de introduzir nos estatutos e regulamentos internos disposições de censura e violação da liberdade de expressão dos filiados".

Querem ainda fazer uma reforma dos estatutos do partido: abrir o congresso a todos os inscritos até à véspera; ampliar os poderes do congresso, dando-lhe competência para ratificar os programas e as coligações eleitorais; dar autonomia estatutária e política ao PAN Açores e Madeira; eleger os órgãos nacionais através de eleições directas; e impedir os dirigentes nacionais de exercerem cargos nos órgãos nacionais se tiverem "algum tipo de benefício económico do partido".

No site da corrente, estes militantes realçam também que querem levar estas linhas de orientação a cabo em "colaboração com as organizações da sociedade civil dotadas do conhecimento técnico e científico". E comprometem-se a alterar a imagem do PAN para que seja percepcionado como "um partido preparado, capaz, credível e com soluções para os tempos desafiantes actuais e futuros" e para que chegue a eleitores de "diversos sectores da sociedade".

A moção global estratégica e a lista da comissão política nacional ainda não estão fechadas, mas da corrente fazem parte alguns dos dirigentes que se demitiram há um ano, pedindo um congresso extraordinário, e alguns dos membros da comissão política distrital do Algarve que se demitiram em Novembro passado.

Inês Sousa Real é porta-voz do partido há quase dois anos, altura em que substituiu André Silva, e irá candidatar-se novamente à liderança do partido no próximo congresso, confirmou o PÚBLICO junto de fonte oficial do partido.

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