Estátua de imperador pilhada na Turquia confiscada ao Metropolitan Museum

A estátua de bronze do imperador Septímio Severo é a mais recente peça arqueológica a ser identificada como pilhada. O museu prepara-se para devolver vários outros artefactos.

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O Metropolitan Museum, em Nova Iorque HUGO SCHNEIDER

Há pouco mais de uma semana, foi notícia que mais de mil peças do Metropolitan Museum, em Nova Iorque, vulgarmente conhecido como “Met” nos EUA, tinham estado anteriormente em posse de pessoas ligadas ao tráfico de antiguidades. Agora, uma estátua de bronze sem cabeça de Septímio Severo (imperador entre 193 e 211 d.C.), datada do ano 225 e avaliada em 25 milhões de dólares (22,9 milhões de euros), foi confiscada ao museu pelo procurador distrital de Manhattan. Os investigadores concluíram que foi roubada, nos anos 1960, em Bubon, um campo arqueológico no Sudoeste da Turquia, na província de Burdur.

Além da estátua de Severo, 17 outras relíquias do museu foram identificadas pelos investigadores como tendo sido pilhadas em processos que a Procuradoria de Manhattan desencadeou nos últimos meses. As investigações não se circunscrevem a Nova Iorque, registando-se um esforço conjunto por todo o território americano para identificar material pilhado em exposição nos museus do país, noticia o The New York Times.

Enquanto era confiscada no “Met” a estátua de Septímio Severo, que se acredita ter feito parte de um santuário dedicado à família imperial, artefacto raro, dado que o destino posterior dado às esculturas em bronze era, habitualmente, a fundição, outras peças arqueológicas eram levadas pelas autoridades do Museu de Arte de San Antonio, do Museu de Arte da Universidade de Princeton e do Museu de Arte Romana, Grega e Etrusca da Universidade de Fordham.

A estátua de Severo, em exposição na ala romana do Metropolitan Museum por empréstimo de um coleccionador suíço, não será a única a ser devolvida à Turquia pelo museu. Com ela viajará também uma cabeça em bronze de Caracala, filho mais velho e sucessor de Severo, que datará do período em que este liderou o império romano, de 211 a 217, ano da sua morte, e que foi avaliada em 1,2 milhões de dólares (1,1 milhões de euros). Os investigadores acreditam que também esta peça terá sido saqueada em Budon.

A devolução de antiguidades "envia a todos os ladrões, contrabandistas e coleccionadores a mensagem clara e forte de que a compra, posse ou venda ilegal de artefactos culturais terá consequências", afirmou o cônsul-geral da Turquia em Nova Iorque, Reyhan Ozgur, na semana passada, a pretexto da devolução aos eu país, pelas autoridades americanas, de 12 artefactos arqueológicos, no valor de 33 milhões de dólares (30,3 milhões de euros).

Segundo os investigadores, vários destes artefactos turcos foram roubados dos campos arqueológicos por camponeses locais, vendidos e contrabandeados para a Suíça, onde as aguardava Robert Hecht, um negociante de antiguidades suíço falecido em 2012.

Há cerca de duas semanas, foi também publicada uma reportagem do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação que, como escrevemos então, identificou pelo menos 1109 peças que estiveram anteriormente na posse de pessoas acusadas e/ou condenadas por crimes relacionados com o tráfico de antiguidades, sem que, no caso de mais de metade delas, exista qualquer registo das circunstâncias em que abandonaram os países de origem. Das cerca de 250 peças da colecção da Índia e Nepal do Metropolitan Museum, por exemplo, apenas três estão acompanhadas dessa documentação.

Quinze peças arqueológicas identificadas pelos investigadores do procurador de Manhattan como tendo sido pilhadas conduzem a Subhash Kapoor. Antigo negociante de arte sediado em Nova Iorque, foi preso em 2011 em Frankfurt e extraditado no ano seguinte para a Índia. No ano passado, foi condenado a dez anos de prisão pelo tráfico de bens arqueológicos pilhados. Durante 30 anos, Kapoor vendeu artefactos da Índia, do Camboja ou do Nepal a diversos museus em todo o mundo.

Esta quinta-feira, o Metropolitan Museum emitiu um comunicado em que afirmava estar pronto para devolver à Índia as 15 esculturas associadas a Kapoor. “O museu está a rever activamente a história das suas antiguidades associadas a negociantes suspeitos. O museu valoriza enormemente a sua relação de longa data com o Governo indiano, e tem todo o gosto em resolver esta questão.”

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