Dez artistas criam mantras sonoros e visuais para o Coliseu do Porto

O projecto do director artístico da sala portuense, Miguel Guedes, é oferecer aos visitantes uma experiência multissensorial que se estenda a todo o edifício.

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Coliseu do Porto nelson garrido

O Coliseu inaugura este sábado o projecto "Os Mantras do Coliseu", que pretende dotar de uma nova identidade sonora e visual os seus diferentes espaços, alargando a todo o edifício, e não apenas ao espectáculo que estiver em cena, a experiência sensorial dos visitantes.

Miguel Guedes, que assumiu há dois meses a direcção artística do Coliseu, pediu a dez artistas – na verdade onze, se contarmos com Ricardo Burmester, filho do pianista Pedro Burmester, mas já lá vamos – que criassem climas sonoros, verbais e visuais, a que chamou “mantras”, oferecendo a quem vai ver um espectáculo “uma experiência melhor e mais acolhedora”, e que se inicia logo que o visitante chega ao átrio de entrada.

“São uma espécie de residências artísticas permanentes com artistas que são uma referência da casa e da cidade”, diz Miguel Guedes, que encomendou a Alexandre Soares o som da sala principal, que se fará ouvir já no átrio, quando se abrem as portas, ainda antes do espectáculo.

As restantes sonoridades preencherão o foyer, os corredores e outras salas, e ir-se-ão revezando consoante a natureza do espectáculo que estiver em cena, explica Miguel Guedes. Se for, por exemplo, um concerto de música erudita, o visitante ouvirá uma peça de Bach interpretada a quatro mãos por Pedro Burmester e pelo seu filho Ricardo.

Se no palco da sala principal estiver a actuar uma banda de pop-rock, ouvir-se-á uma composição original criada para este efeito por Pedro Abrunhosa. Salvo a peça de Bach interpretada pela família Burmester, todas as restantes sonoridades correspondem a criações originais.

Quando a noite (ou o dia) é de música electrónica, avança o mantra de Surma, se o espectáculo apostar em sonoridades mais alternativas, o visitante vai-se aclimatando com o mantra de Noiserv, e quando a agenda se dirige aos mais novos, ouvir-se-á um trecho que Manuel Cruz dedicou aos públicos infanto-juvenis. Nem o circo ficou sem o seu mantra, criado pelo compositor e pianista Carlos Azevedo, que sondou a memória para recuperar as sensações que experimentou quando o seu pai o levou pela primeira vez a assistir a um circo no Coliseu.

A estes músicos somam-se ainda os poetas e diseurs Pedro Lamares e Filipa Leal, cujas vozes por vezes se cruzarão com os mantras musicais, quer dando pistas acerca da programação em causa, quer dizendo poesia da sua própria autoria. Haverá ainda intervenções artísticas de André Tentúgal, que ocuparão os muitos ecrãs espalhados pelo edifício.

O projecto de Miguel Guedes prevê que cada mês de programação seja tematicamente ancorado num binómio que associe uma dimensão mais abstracta a uma sua tradução mais concreta. Assim, neste mês de Abril, o duplo tema será a diversidade e a voz.

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