Desemprego baixa para 6,8% e inverte tendência dos últimos meses
Portugal tinha perto de 360 mil desempregados em Fevereiro. Apesar do recuo mensal, o desemprego está acima do valor registado um ano antes.
Depois de três meses a aumentar, a taxa de desemprego quebrou essa trajectória e baixou em Fevereiro para uma taxa correspondente a 6,8% da população activa, perto de 360 mil desempregados. Em Janeiro, a taxa chegou aos 7%.
A primeira estimativa do Instituto Nacional de Estatística (INE) para o mês de Fevereiro, divulgada nesta quinta-feira, ainda sujeita a revisão, aponta para uma inversão da tendência em relação à trajectória de agravamento dos últimos meses neste indicador do mercado de trabalho.
Apesar do recuo de 0,2 pontos percentuais em relação a Janeiro, a taxa de desemprego continua a ser superior à de Novembro e Dezembro (altura em que se verificava uma evolução ascendente, com taxas já acima de 6%) e mesmo em relação a Fevereiro do ano passado (5,6%).
Depois de um início de 2022 em que se manteve abaixo dos 6%, a taxa de desemprego ficou neste patamar durante quatro meses, de Maio a Agosto, e depois subiu para 6,2% em Setembro, registou uma ligeira descida para 6,1% em Outubro e agravou-se nos meses seguintes, primeiro para 6,5%, em Novembro, depois para 6,7%, em Dezembro, e para 7% em Janeiro, recuando agora para os 6,8% de Fevereiro. A taxa de Janeiro foi revista em baixa (a estimativa inicial era de 7,1%).
Em termos absolutos, o INE estima que a população desempregada diminuiu 2,3% em relação a Janeiro, mas aumentou 7,1% em relação a três meses antes e 23,1% em relação a Fevereiro do ano passado. Havia 359,6 mil pessoas desempregadas, menos 8,6 mil do que no primeiro mês do ano, mas mais 67,4 mil do que em Fevereiro de 2022.
Em Fevereiro, diz o INE, a população activa aumentou em relação a Janeiro em 17,6 mil pessoas (para 5,28 milhões de pessoas), enquanto a população inactiva recuou em 18,2 mil (para 2,4 milhões). “O aumento da população activa resultou do acréscimo da população empregada (26,2 mil; 0,5%) que mais que compensou a diminuição da população desempregada (8,6 mil; 2,3%). A diminuição da população inactiva foi explicada, principalmente, pelo decréscimo do número de outros inactivos, os que não estão disponíveis para trabalhar e que não procuraram emprego (12,8 mil; 0,6%)”, indica o INE.
A taxa de emprego cresceu em Fevereiro para 64%, estando num patamar superior àquele em que se encontrava um ano antes (era de 63,8% em Fevereiro do ano passado).
Ao mesmo tempo que cresceu o nível de emprego e baixou o nível de desemprego, comparando agora a variação entre Janeiro e Fevereiro, é possível verificar que a taxa de subutilização do trabalho também diminuiu. Este é o indicador que junta não apenas a população desempregada, mas também o subemprego dos trabalhadores a tempo parcial, os cidadãos inactivos à procura de emprego mas que não estão disponíveis para começar a trabalhar imediatamente nas duas semanas seguintes, e os inactivos disponíveis para o fazer nas duas semanas seguintes mas que não procuram emprego.
A taxa estava em 12,2% em Janeiro e baixou para 12%. Embora haja um recuo mensal, a taxa mantém-se acima do valor de há três meses e do de Fevereiro de 2022.
Dos 649,4 mil cidadãos considerados neste indicador, 359,6 mil são desempregados, a que se somam 152,4 mil pessoas que trabalham a tempo parcial e 137,3 mil nas outras duas situações.
Em Janeiro deste ano, refere o INE, a subutilização do trabalho atingiu “o seu valor mais elevado (659,6 mil) desde Julho de 2021 (667,1 mil)” e a própria taxa “não era tão elevada desde Julho de 2021 (12,5%)”, tanto em Dezembro passado como em Janeiro (porque a taxa era igual, de 12,2%).
A taxa de desemprego jovem (da população entre os 16 e os 24 anos) diminuiu, passando dos 22,9% registados em Janeiro para 18,8%, segundo os dados já ajustados de sazonalidade.
Entre os adultos (dos 25 aos 74 anos), a taxa de desemprego é de 5,9%, valor igual ao de Janeiro.
O desemprego entre a população masculina está nos 6,5% e entre a população feminina está nos 7,5% (houve um agravamento face a Janeiro em ambas).