The Movie Critic será o último filme de Tarantino. “Vou desistir do cinema”
Passado em 1977, vai começar filmagens no Outono. Depois, o que fará Quentin Tarantino? “Livros, séries de televisão, peças de teatro…”, disse em França.
O último filme de Quentin Tarantino vai chamar-se The Movie Critic e o seu argumento está já pronto, prevendo o realizador que a rodagem comece no Outono. Assim foi confirmado um rumor que corria em Hollywood há semanas, pela voz do próprio cineasta que, há anos, impôs a si mesmo um limite de dez filmes escritos e realizados por si.
“Terminei o guião daquele que será o meu último filme”, disse Tarantino ao director do Festival de Cannes, Thierry Fremaux, no lançamento do novo livro do responsável pelo evento em que recebeu a Palma de Ouro em 1995 por Pulp Fiction (o Óscar de Melhor Filme desse ano iria para Forrest Gump, de Robert Zemeckis). “Imagino que provavelmente vá filmar, acho, no Outono”, disse ainda Tarantino, um dos mais admirados cineastas da actualidade e um frequente comentador da indústria, bem como um enciclopédico detentor de conhecimento sobre cinema. As suas declarações são citadas pela agência AFP.
É com todas essas camadas que a sua escolha para derradeiro filme – Kill Bill, dividido em duas partes, é contabilizado como um só projecto pelo realizador – se revela: The Movie Critic, passado em 1977, altura em que era um devorador de filmes em construção. Porém, um dos rumores, que chegou a tomar forma de notícia na revista Hollywood Reporter há algumas semanas, não se confirmou. Não se trata de um filme sobre a famosa crítica de cinema do New York Times, Pauline Kael, nem sequer de um qualquer crítico em particular.
Em Cannes, o realizador nascido em 1963 em Knoxville, no estado norte-americano do Tennessee, atingiu a consagração autoral depois de ter assinado uma admirada primeira longa-metragem, Cães Danados (1992) que teve uma exibição especial em Cannes, e de ter assinado guiões para Tony Scott e Oliver Stone – Amor à Queima-Roupa e Assassinos Natos. À Palma de Pulp Fiction, um dos mais importantes filmes do século XX que consegue o cruzamento de sucesso popular e crítico, seguir-se-ia Jackie Brown (1997), homenagem ao cinema dos anos 1970 e com Pam Grier e Bridget Fonda, e depois o díptico Kill Bill, desta feita um olhar sobre o cinema de acção asiático e com a sua musa ocasional, Uma Thurman, no papel de anjo vingador.
Kill Bill foi exibido em Cannes fora de competição, mas Sacanas Sem Lei (2009) e Era Uma Vez… em Hollywood (2019) foram seleccionados para o concurso oficial. Pelo meio ficou À Prova de Morte (2007), parte da colecção Grindhouse em que assina um dos filmes (e que também esteve em competição em Cannes), e ainda o filme sobre a escravatura Django Libertado (2012) e o western Os Oito Odiados (2015).
Apesar deste número redondo que escolheu para encapsular a sua obra, dez filmes para um realizador de 60 anos, ele refere-se apenas aos seus projectos de autor, ou seja aqueles que escreve e dirige. Multifacetado homem de trabalho e gostos, Tarantino já realizou episódios de séries televisivas como C.S.I. ou Serviço de Urgência, por exemplo.
Questionado pela emissora France Inter sobre o que fará após terminar o seu derradeiro filme, Tarantino disse: “Depois farei livros, séries de televisão, peças de teatro… Mas vou desistir do cinema”.