Coligação alemã em maratona negocial por problemas internos

A exigência de uma exepção para motores de combustão a e-fuels na UE não foi consensual no Governo da Alemanha.

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Christian Lindner, ministro das Finanças alemão, e o chanceler Olaf Scholz (foto de arquivo) EPA/FILIP SINGER

A coligação de Governo na Alemanha, que inclui o Partido Social Democrata (SPD), os Verdes, e o Partido Liberal Democrata (FDP) terminou esta terça-feira uma maratona negocial para chegar a acordos quando os objectivos dos partidos têm chocado uns com os outros – por exemplo a política da disciplina orçamental do ministro liberal das Finanças, Christian Lindner, com a política de mais investimento em energias renováveis dos Verdes.

A discussão do motor de combustão na União Europeia foi uma das montras desta discórdia, com os Verdes a discordarem da exigência alemã de uma excepção para combustíveis sintéticos que não produzam CO2, uma exigência apoiada pelo chanceler, Olaf Scholz, e pelo ministro das Finanças, Christian Lindner, mas que mereceu a discordância dos Verdes, do ministro da Economia e Acção Climática, Robert Habeck.

No final das conversações, todos os partidos expressaram a sua satisfação com os resultados, segundo o diário Tagesspiegel, de Berlim. O jornal dava exemplos de compromissos: as novas auto-estradas que vão ser construídas terão de usar o espaço ao lado para instalar painéis solares ou outros meios de produção de energias renováveis, ou um financiamento de nova ferrovia através de um aumento de preços das portagens para veículos pesados.

Após a maratona negocial (foram mais de 48 horas), o ministro das Finanças sublinhou que as decisões tomadas não terão, no geral, peso no orçamento.

Os partidos querem deixar a sua marca na política do Governo, e ceder menos em questões caras ao seu eleitorado, quando estão a registar descidas nas sondagens, o que está já há meses a acontecer com o SPD e os liberais, e tem acontecido nas últimas semanas também aos Verdes (o SPD está com 21% na mais recente sondagem da televisão pública ZDF, atrás dos 29% da CDU, o principal partido da oposição, seguindo-se os Verdes com 19%).

Dos três partidos do Governo, os liberais estão em pior situação, com apenas 5%, precisamente a barreira mínima para entrar no Parlamento (e o partido já ficou uma vez fora do Bundestag nas eleições que se seguiram a uma coligação turbulenta com Angela Merkel em 2009-13). O FDP tem ainda sofrido uma série de derrotas em eleições nos estados federados.

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