O chassis 198 do F1-2000, pilotado por Michael Schumacher na temporada que lhe valeu o primeiro título pela Ferrari (façanha que viria a repetir mais quatro vezes), vai ser colocado para leilão pela RM Sotheby’s.
O monolugar, que estará em exposição na Sotheby's Luxury Week, em Hong Kong, de 1 a 5 de Abril, poderá ser licitado entre os dias 3 e 12 de Abril.
Em 2000, Michael Schumacher já se tinha firmado campeão de Fórmula 1, quando conquistou a prova rainha, em 1994 e 1995, pela Benetton. Mas, a passagem para a Scuderia Ferrari trouxe-lhe alguns amargos de boca: em 1996, ficou em 3.º; em 1997, foi desclassificado; 1998 trouxe-lhe o 2.º lugar; e, em 1999, não chegou ao pódio, tendo ficado em quinto. Tudo mudou precisamente em 2000.
A Ferrari, que já não conquistava um campeonato de construtores desde 1979 (vitória com o sul-africano Jody Scheckter), viu a sua sorte mudar, embalada pela perícia de Schumacher: piloto e construtora conquistaram cinco campeonatos consecutivos.
No ano da reviravolta, o piloto alemão conduziu o F1-2000 chassis 198 em várias corridas, incluindo no Grande Prémio do Brasil, onde, apesar de ter partido na terceira posição da grelha, terminou em primeiro.
O F1-2000 integrava novos elementos, como um motor, um V10 de 3,0 litros a debitar cerca de 800cv, com um ângulo em V mais largo, o que permitia que o peso do motor contribuísse para a estabilidade do carro.
Em termos de aerodinâmica, o F1-2000 também apresentava melhorias, sobretudo nas laterais. Mas o chassis 198, construído no início da temporada, passaria a maior parte do seu tempo como carro suplente da equipa (a oportunidade surgiu precisamente no GP do Brasil).
O carro voltou a brilhar no Grande Prémio de Espanha, apesar de o desfecho não ter sido o mais feliz (Schumacher terminou em quinto). No Mónaco, Schumacher, aos comandos do 198, conquistou a sua segunda pole position da temporada, e a 25.ª da sua carreira. Mas, na corrida, o escape partiu-se causando uma falha na suspensão traseira.
O 198 ainda voltaria às pistas, no GP da Áustria, mas um toque de Ricardo Zonta na traseira de Schumacher ditaria o fim da carreira do carro, que nem por isso foi esquecido. Regressou a Maranello, foi reconstruído e voltaria às pistas nos eventos de F1 que a Ferrari organiza para clientes especiais. Agora, um deles — ou qualquer outra pessoa com cerca de sete milhões de sobra — pode levar o carro para casa.
Esta não é a primeira que RM Sotheby's tem entre os seus lotes um monolugar da Ferrari que tenha pertencido a Michael Schumacher. O primeiro foi em 2017, quando leiloou o F2001 por pouco mais de 7,5 milhões de dólares (quase sete milhões de euros). No mais recente, em 2022, o chassis 229 do F2003-GA foi arrematado por 16 milhões de dólares (14,75 milhões de euros).
O alemão Michael Schumacher (n. 1969, Hürth) sofreu um acidente em Dezembro de 2013, enquanto esquiava fora de pista, na estância de Méribel, nos Alpes franceses. Na altura com 44 anos e já retirado do mundo do automobilismo, o ex-piloto embateu com a cabeça numa rocha, tendo quebrado o capacete que usava, o que resultou em lesões cerebrais graves, exigindo que fosse mantido em coma durante quase meio ano.
Nove meses depois do acidente, Schumacher recebeu alta, ficando aos cuidados da família. Desde então, as informações sobre o estado de saúde do antigo automobilista têm sido escassas e, só no fim de 2018, cinco anos após o fatídico acidente, foi divulgado que o atleta já respirava sem necessitar da ajuda de aparelhos. Desde então, a família tem mantido privado tudo o que se relaciona com o ex-piloto, ainda que o presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), Jean Todt, tenha, em 2019, adiantado que o ex-campeão “já não consegue comunicar como antes”.