COI defende que russos e bielorrussos possam competir como atletas neutros

Organismo fez recomendação às federações internacionais, que já mereceu críticas de alguns desportistas e do Governo alemão.

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Encontro do Comité Olímpico Internacional decorre em Lausana, na Suíça EPA/LAURENT GILLIERON

Thomas Bach, presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), anunciou nesta terça-feira que foi feita a recomendação de que os atletas com passaporte russo e bielorrusso possam competir com o estatuto de neutros em provas internacionais. Uma tomada de posição que gerou reacções imediatas.

No arranque do encontro de três dias do comité executivo do COI, que decorre em Lausana, na Suíça, o líder do organismo foi claro: "O que é mais importante, e o que mudou, é que a participação de atletas com passaporte russo e bielorrusso nas competições internacionais resulta", vincou, dando o exemplo do ténis e de outras modalidades, como o ciclismo, o hóquei no gelo ou o andebol.

Lembrando que vários países concedem vistos temporários ou de trabalho a atletas destes dois países, Thomas Bach também fez uma ressalva. "O comité executivo reitera que a participação de atletas russos e bielorrussos nos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024, não foi considerada nas deliberações de hoje".

Esta recomendação — que impede a participação de equipas, com dois ou mais atletas, dos dois territórios em questão — surge horas depois de mais de 300 praticantes de esgrima terem escrito ao COI a solicitar a aplicação de sanções aos atletas da Rússia e Bielorrússia, à luz da guerra que há mais de um ano lavra na Ucrânia, considerando que autorizar o seu regresso será "um erro catastrófico".

"A agressão da Rússia viola não só as normas do direito internacional, mas também os valores fundamentais do olimpismo, incluindo a paz, o desenvolvimento harmonioso da humanidade e o respeito pelos direitos e pela dignidade humana", pode ler-se na carta, em que o grupo lamenta o precedente que a decisão de permitir aos dois países a participação em provas internacionais poderá abrir.

Quem reagiu energicamente a estas afirmações de Thomas Bach foi o Governo da Alemanha, pela voz da ministra do Interior, Nancy Faeser, que fala "numa bofetada na cara" do povo ucraniano. "A Ucrânia mereceu a solidariedade da comunidade do desporto internacional. Não há razão alguma para a Rússia regressar ao mundo dos eventos desportivos".

Thomas Bach lembrou que o COI se limitou a fazer recomendações e não a dar ordens às federações internacionais que tutelam desportos olímpicos, mas o argumento não convence a governante alemã. "Quem permite que a Rússia utilize as competições desportivas para a sua propaganda prejudica o ideal olímpico de paz e entendimento internacional".

Discurso idêntico tem o Governo polaco, que fala em "dia da vergonha". "O que é que de positivo aconteceu do lado da Rússia para que os seus desportistas participem em competições internacionais? Desde Bucha, Irpin, Gostomel? Desde o bombardeamento diário de locais com civis. É um dia da vergonha para o COI", escreveu o ministro dos Negócios Estrangeiros, Piotr Wawrzyk, na rede social Twitter.

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