Três filmes portugueses em competição no festival Visions du Réel

Catarina Mourão, Basil da Cunha e Tomás Paula Marques marcam presença no evento suíço já no final de Abril. Festival tem igual número de filmes assinados por homens e mulheres.

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Astrakan 79, de Catarina Mourão DR

O novo filme da realizadora Catarina Mourão, bem como curtas-metragens de Basil da Cunha e Tomás Paula Marques, estará em competição na 54.ª edição do festival Visions du Réel, que decorre entre 21 e 30 de Abril na Suíça.

A programação oficial do festival foi revelada esta terça-feira. No total, serão mostrados 163 filmes, 82 dos quais em estreia mundial. Entre os 46 países representados está Portugal, com o filme Astrakan 79, da documentarista Catarina Mourão, que compete na secção Burning Lights, dedicada a novos vocabulários ao serviço da liberdade narrativa. A obra fará a sua estreia mundial no Visions du Réel.

Astrakan 79 confronta Martim, hoje com 57 anos, com o seu passado: filho de militantes comunistas, foi enviado em 1979 para a cidade russa de Astracã para prosseguir os estudos. Mais de 40 anos depois, o protagonista conta a sua história pela primeira vez, deixando neste filme um testemunho ao seu próprio filho.

A curta do luso-suíço Basil da Cunha, intitulada 2720, estará por sua vez a concurso na secção internacional de médias e curtas-metragens. Nesta co-produção Portugal-Suíça, de 24 minutos, acompanha-se Jyzone, que, cumprida uma pena de prisão, se vê na encruzilhada de encontrar trabalho. O cenário é o bairro da Cova da Moura, em Lisboa, e o elenco é composto pelos seus habitantes.

Na mesma secção, concorre Dildotectónica, de Tomás Paula Marques, outra estreia mundial no festival de Nyon. O filme põe em cena uma pessoa que tenta criar uma colecção de dildos de cerâmica para ir para lá dos brinquedos sexuais cisnormativos, que não seja fálica; há também um amor proibido entre Josefa e Maria.

Nesta edição de 2023, o festival assinala ter conseguido a paridade: o mesmo número de filmes de realizadores homens e mulheres. Os seus convidados especiais são a realizadora argentina Lucrecia Martel, que receberá o prémio de honra do evento e presidirá a uma masterclass; a realizadora italiana Alice Rohrwacher, que também dará uma masterclass; e o realizador suíço Jean-Stéphane Bron. A noite inaugural será para a estreia mundial de Nightwatchers, de Juliette de Marcillac.

Ao longo do festival estarão em Nyon o cineasta brasileiro Kleber Mendonça Filho, a programadora Florence Almozini, e realizadores como Zeynep Gütel, Elena Lopez Riera ou Alaa Eddine Aljem — que integram os vários júris das diferentes competições.

No concurso internacional de longas-metragens estarão filmes de Peter Mettler, de Piotr Pawlus e Tomasz Wolski, Pedro Speroni, Mattia Colombo e Valentina Cicognia, Daniel McCabe, Pau Faus, Sonia Ben Slama, Chloé Aïcha Boro, Hyun kyung Kim, Ivan Andrés Simonovis Pertíñez , Alberto Martín Menacho, Komtouch Napattaloong, Clémence Davigo e Pablo Lago Dantas.

Haverá ainda lugar projecções especiais de Sur l’Adamant de Nicolas Philibert, Urso de Ouro em Berlim este ano, e All the Beauty and the Bloodshed de Laura Poitras, bem como tributos a Jean-Luc Godard e Alain Tanner.

Depois de dois anos em formato exclusivamente digital devido à pandemia, o festival voltara já em 2022 à versão presencial — mas a versão online mantém-se.

Noutros anos, competiram neste festival filmes de Cláudia Varejão, Laura Marques, Mónica Martins Nunes, Ico Costa ou Susana Nobre.

Notícia corrigida às 13h38

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