Putin anuncia acordo para armazenamento de armas nucleares na Bielorrússia

Presidente russo aponta precedente norte-americano e nega violação do Tratado de Não Proliferação Nuclear.

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Vladimir Putin Reuters/SPUTNIK

Moscovo chegou a acordo com Minsk para o armazenamento de armas nucleares tácticas russas em território bielorrusso, anunciou neste sábado o Presidente russo, Vladimir Putin, em declarações à agência noticiosa estatal Tass.

A medida, argumenta Putin, não viola o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, assinado em 1968 e em vigor desde 1970, uma vez que também os Estados Unidos têm armas nucleares em território de países aliados.

"Não há nada de invulgar aqui. Em primeiro lugar, porque os Estados Unidos fazem isto há décadas. Há muito que têm armas nucleares tácticas no território dos seus aliados. Nós chegámos a acordo e vamos fazer o mesmo, sem violar os nossos compromissos – sublinho – sem violar os nossos compromissos internacionais quanto à não-proliferação de armas nucleares", declarou o Presidente russo.

Putin acrescentou que a Rússia completará a construção, até 1 de Julho, de instalações próprias para o armazenamento de armamento nuclear táctico na Bielorrússia, sublinhando que o controlo das armas não será cedido a Minsk.

A Rússia tem dez aeronaves na Bielorrússia capazes de transportar armamento nuclear táctico, disse Putin, acrescentando que Moscovo já transferiu para a Bielorrússia vários conjuntos do sistema de mísseis tácticos Iskander, capazes de lançar armas nucleares sobre território inimigo.

Rússia e Bielorrússia, que integram uma aliança política e económica formal desde 1997, têm vindo a estreitar laços no campo militar, sobretudo desde a invasão russa da Ucrânia, vizinha dos dois Estados, tendo Moscovo e Minsk realizado exercícios militares aéreos conjuntos em Janeiro. No mesmo mês, foi também reforçada a presença militar russa na Bielorrússia.

Embora não participe directamente na invasão da Ucrânia, Minsk tem tido um papel importante no apoio às ofensivas russas. Foi a partir da Bielorrússia que as forças russas lançaram os primeiros ataques contra o Norte da Ucrânia e contra Kiev, a 24 de Fevereiro de 2022, e o espaço aéreo bielorrusso tem sido utilizado desde então pela Rússia para lançar ataques com mísseis e drones contra alvos na Ucrânia.

Ao apoio do regime liderado por Alexander Lukashenko a Moscovo durante a guerra na Ucrânia, a União Europeia tem respondido com a aprovação de sucessivos pacotes de sanções também contra Minsk, que se somam a outras medidas punitivas adoptadas na sequência das eleições presidenciais de 2020, consideradas fraudulentas pela comunidade internacional.