Feijóo e Ayuso enfrentam o Vox com estratégias diferentes

O fim-de-semana político em Espanha vai ficar marcado por dois actos de campanha distintos. Yolanda Diaz, líder da nova plataforma de esquerda Sumar, terminou périplo pelo país.

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A vice-presidente do Governo espanhol e ministra do Trabalho, Yolanda Díaz, terminou o seu périplo pelo país a apresentar a nova plataforma Sumar Susana Vera/REUTERS

Este é um grande ano eleitoral, com municipais e autonómicas em Maio e eleições gerais em Dezembro, e Espanha já está 100% em modo campanha. Se dúvidas houvesse este fim-de-semana chegaria para as desfazer: a vice-presidente e ministra do Trabalho, Yolanda Díaz, encerrou sábado o seu périplo, uma semana antes de anunciar a candidatura à presidência do Governo à frente da plataforma Sumar. Domingo é a vez de Alberto Núñez Feijóo, líder do Partido Popular e da oposição de direita, apresentar o seu programa para as eleições de 28 de Maio.

À esquerda dos socialistas, Díaz já decidiu há muito que a Sumar não se vai apresentar ao primeiro desafio eleitoral do ano, optando por manter o ritmo de “escuta” que a levou a todo o país e garantindo que as divergências com o Podemos serão ultrapassadas a tempo de realizar primárias e de elaborar listas. Isso também lhe permite continuar empenhada no seu trabalho no Governo e manter a lealdade ao primeiro-ministro, Pedro Sánchez, que no debate da moção de censura do Vox, na última terça-feira, lhe deu palco para fazer um discurso que foi quase a pré-apresentação de um programa de governo.

À direita, o ritmo é mais alucinante: Feijóo, por um lado, e Isabel Díaz Ayuso, por outro, põem em marcha as suas estratégias divergentes para lidar com o Vox, e não perdem uma oportunidade para atacar Sánchez. Juntos, o presidente do partido e a presidente da Comunidade de Madrid, aproveitaram este sábado um encontro com hispano-americanos a viver em Espanha para acusar o primeiro-ministro de “homenagear autocratas” e manter ligações a “narcoditadores” – isto enquanto Sánchez participava na Cimeira Ibero-Americana, em Santo Domingo, o que levou o Governo a chamar “irresponsável” a Feijóo.

“Quem manda no PP, o senhor Feijóo ou a senhora Ayuso?”, interroga-se, entretanto, o líder do Vox, Santiago Abascal. Isto porque, na mesma semana que Feijóo evitou o Congresso para não ter de escolher entre apoiar ou combater o partido de extrema-direita (os deputados do PP abstiveram-se na censura ao Governo), e a sua direcção admitiu “elementos comuns” com o texto da moção, Ayuso decidiu ensaiar um corte com o Vox, que a tem apoiado. “A partir de hoje é bom que cada um siga o seu caminho”, afirmou, logo ela que sempre se mostrou aberta à governação conjunta.

Quando os votos de Maio estiverem contados, Feijóo terá de decidir se apoia ou não as possíveis coligações regionais entre o PP e o Vox – há um ano, pouco antes de Feijóo substituir Pablo Casado, foi negociada a primeira coligação regional, em Castela e Leão. Depois, será tempo de Abascal exigir saber como se entenderão em Dezembro, quando em causa estiver a presidência do país.

Para já, Feijóo vai continuar a evitar o tema e não se esperam referências a Abascal na apresentação do programa, este domingo em Guadalajara: a região de Castela-Mancha foi escolhida por ser uma das que estão em disputa em Maio e que o PP quer roubar ao PSOE.

“Não se ganha um país a falar de listas eleitorais”, defendeu, nas Canárias, Yolanda Díaz, assegurando que o movimento “Sumar já é um projecto de país”. A vice-presidente, que Pablo Iglesias designou como sucessora quando abandonou a política, evitou abordar as diferenças com o Podemos (tem dito que coincidem em “90%") e escolheu ouvir e falar de propostas para as ilhas. “Queremos mudar Espanha e fazê-lo com diversidade”, disse.

Mas com deputados do Podemos nas Canárias na assistência, assim como membros de vários movimentos que integram a Sumar, Díaz pediu a todos “visão de futuro” e que deixem de falar das suas próprias formações políticas e de assuntos internos: “Não se ganha um país sem olhar para fora”.

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