Ataques dos EUA na Síria em resposta a morte de norte-americano fazem onze mortos
Ataque com drone “de origem iraniana” matou um subcontratado americano e feriu seis pessoas, incluindo cinco militares, estacionados no Nordeste da Síria.
Nos últimos dois anos, os ataques contra as forças dos Estados Unidos estacionadas na Síria ocorrem com alguma frequência. Mas um ataque com vítimas, como o que na quinta-feira matou um subcontratado norte-americano e deixou feridos cinco militares e outro civil, são extremamente raros. Em resposta, Washington confirmou ter lançado esta sexta-feira uma série de “raides aéreos de precisão” contra instalações usadas por grupos ligados aos Guardas da Revolução iranianos — segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, estes ataques mataram onze “combatentes pró-iranianos”.
“Os ataques aéreos foram conduzidos em resposta a este ataque, assim como a uma série de ataques recentes contra forças da coligação na Síria por grupos associados ao IRGC [Exército dos Guardas da Revolução Islâmica]”, disse o secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, afirmando que os raides foram ordenados pelo Presidente norte-americano, Joe Biden.
De acordo com o Pentágono, o ataque com um drone suicida “de origem iraniana” teve como alvo a base que os EUA ocupam em Al-Omar, onde se situa o maior campo petrolífero da Síria, no Norte da província de Deir Ezzor (Leste do país). Dois dos soldados feridos foram tratados na própria base, enquanto os outros três e o segurança subcontratado foram transportados para instalações médicas no Iraque.
O ataque aconteceu poucas semanas depois da visita do chefe do Estado-maior das Forças Armadas dos EUA, o general Mark Milley, ao Nordeste da Síria, onde foi avaliar o estado da missão contra o Daesh (Estado Islâmico) e o risco que as tropas americanas ali enfrentam.
“Tal como o Presidente Biden deixou claro, vamos tomar todas as medidas necessárias para defendermos o nosso pessoal e responderemos sempre quando e onde escolhermos”, disse ainda Austin. “Nenhum grupo atacará as nossas tropas impunemente.”
Segundo o Observatório Sírio — uma organização ligada à oposição síria, com uma rede de informadores —, os ataques americanos visaram alvos perto da cidade de Maydeen, na região de Deir Ezzor, e junto a Abu Kamal, na fronteira com o Iraque.
O Qatar, que tem agido como interlocutor entre o Irão e os Estados Unidos, iniciou de imediato contactos para travar uma escalada, explica a Al-Jazira. O ministro dos Negócios Estrangeiros qatari, xeque Mohammed bin Abdulrahman bin Jassim Al Thani, falou ao telefone com o Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jack Sullivan, e com o seu homólogo iraniano, Hossein Amirabdollahian.
Horas antes do ataque em Al-Omar, o general Erik Kurilla, que supervisiona as forças dos EUA no Médio Oriente (enquanto responsável do Comando Central), tinha avisado sobre os riscos da frota de drones do Irão. “O regime iraniano tem agora a maior e mais capaz força de meios aéreos não pilotados na região”, afirmou, numa audiência no comité das Forças Armadas da Câmara dos Representantes.
“O que o Irão faz para esconder o seu jogo é usar proxies”, grupos que apoia e que atacam em seu nome, disse Kurilla. Segundo o general, desde Janeiro de 2021 que forças ligadas ao Irão lançaram 78 ataques contra posições dos EUA na Síria. Estima-se que actualmente haja cerca de 900 militares norte-americanos no país.