Falta a garantia de depósitos para completar a união bancária, lembra Costa

As falências de bancos nos EUA e na Suíça fizeram regressar o fantasma da crise bancária à UE.

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O primeiro-ministro, António Costa, em Bruxelas STEPHANIE LECOCQ/EPA

O primeiro-ministro, António Costa, tinha uma queixa, e também um reparo, a fazer à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e aos seus homólogos do Conselho Europeu, durante a discussão sobre os temas económicos que faziam parte da agenda da cimeira dos líderes da UE, quinta-feira, em Bruxelas.

Segundo confirmou aos jornalistas portugueses, Costa não deixaria de manifestar a sua desilusão com a falta de ambição da proposta do executivo comunitário para a reforma do mercado da electricidade, apresentada há uma semana, em Estrasburgo.

“Tenho de confessar que estou um bocado desiludido com a proposta da Comissão, que devia ter dado um passo para romper definitivamente com a lógica marginalista de indexar o preço da electricidade ao preço mais alto da fonte de produção da electricidade”, afirmou Costa, acrescentando que essa mudança traria ganhos na concorrência e na competitividade.

Lembrando que “ao nível dos 27 não há uma posição unânime sobre esta matéria”, o primeiro-ministro prometeu trabalhar com os seus congéneres para “melhorar” a proposta do executivo, que ainda assim deu “alguns passos positivos”, por exemplo tendo em conta “a importância dos contratos de longo prazo, como acontece em Portugal”.

Esta sexta-feira, durante a cimeira do euro, quando os líderes se pronunciarem sobre a governação económica, António Costa lamentará a falta de um “instrumento permanente de estabilização de crises” no plano da Comissão para a revisão das regras orçamentais da UE. “É uma grande lacuna que deveria ser suprida”, considerou.

Finalmente, na sessão que contará com a presença da presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, e do presidente do Eurogrupo, Paschal Donohoe, o primeiro-ministro será um dos líderes a pressionar para a conclusão do processo da união bancária, com a aprovação de um sistema europeu de garantia de Depósitos (EDIS), que alguns Estados-membros continuam a rejeitar. “Convém não esquecer que a união bancária ainda está incompleta, há uma peça fundamental que está por concretizar, que é a garantia de depósitos”, apontou Costa, criticando a inacção nessa matéria.

“Nós temos insistido que é nos momentos de acalmia que se devem tratar destes problemas, aproveitando os dias de sol para tratar do telhado. Agora que já há muitas nuvens no ar convém não perder tempo e concluir este dossier para ajudar a evitar qualquer risco que exista no mercado”, aconselhou.

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