Goleada e recorde em noite de estreia de Martínez na selecção

Portugal triunfa sobre o Liechtenstein em Alvalade por 4-0. Ronaldo marcou dois e tornou-se no futebolista mais internacional de sempre.

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Ronaldo marcou dois dos quatro golos de Portugal EPA/MIGUEL A. LOPES

Depois de oito anos com Fernando Santos, a selecção portuguesa entrou oficialmente na era Roberto Martínez e com uma vitória, 4-0 sobre o Liechtenstein na jornada de abertura da qualificação para o Euro 2024. Foi uma vitória, é verdade, e é sempre bom começar a ganhar, mas ainda não deu para sentir em quantidades generosas o “ar fresco” que Cristiano Ronaldo tanto apregoou. O tempo de trabalho ainda é curto e o adversário era de exigência francamente baixa, adequado mais para um treino (pouco puxado) do que para um jogo de qualificação.

Já era mais ou menos evidente que Martínez iria experimentar uma linha defensiva com três centrais e foi exactamente o que aconteceu – o estreante Gonçalo Inácio ao lado de Rúben Dias e Danilo Pereira. E também era expectável que Ronaldo entrasse para o “onze”, não estivesse ele à beira de mais um recorde pessoal – tornou-se no mais internacional de sempre do futebol mundial, com 197 jogos. A dúvida seria, como enquadrá-lo no ataque. E a resposta foi, com a companhia de João Félix e Bernardo Silva na frente, com o recuo de Bruno Fernandes para formar o núcleo do meio-campo com Palhinha.

Dada a diferença entre as duas selecções, o jogo em Alvalade nunca seria muito competitivo, restava saber a que minuto entraria o primeiro golo e como seriam as dinâmicas no novo sistema. O primeiro golo não demorou muito tempo a chegar, logo aos 8’, num remate de longa distância de João Cancelo que bateu em várias pernas antes de enganar o guardião Buchel. O mínimo exigível estava garantido, o resto do jogo seria um duelo de inspiração vs. resistência.

E Portugal não esteve nada inspirado durante a primeira parte e nem sequer criou assim tantas oportunidades como isso. João Félix era, de longe, o mais inspirado do ataque, a partir da esquerda e a procurar zonas interiores, enquanto, do outro lado, era Cancelo a criar os desequilíbrios. Mas as bolas não entravam e Ronaldo era um dos protagonistas do desperdício – duas bolas de golo, aos 23’ e aos 34’, que não foram ao alvo.

O 1-0 era pouco, muito pouco mesmo. O Liechtenstein não saía do seu último terço e nem sequer defendia particularmente bem, eram 11 jogadores a rodear a sua área. Mas o jogo estava claramente num único sentido e, assim que se iniciou a segunda parte, Bernardo Silva fez o 2-0, após um mau corte, na sequência de mais uma investida de Cancelo.

E depois, a goleada chegou. Aos 50’, Hofer derrubou Cancelo na área da selecção alpina. E adivinhem quem foi para marcar? O recordista da noite, Cristiano Ronaldo, que marcou o 119.º golo pela selecção. E aos 63’, houve livre directo em posição frontal. Quem lá foi? Estavam lá três, Bruno Fernandes, Raphael Guerreiro e CR7. Não podia ser outro, nem ele deixava. Ronaldo mandou-a lá para dentro – e já podia ser substituído sem reclamar com o mundo, como acontecera no Mundial, e já não se importou em dar o lugar a Ramos para os últimos minutos.

Estava fechada a goleada em noite de estreia de Martínez e de recorde para Ronaldo. Ainda não dá para perceber o que irá mudar para além do óbvio (os três centrais), e se será melhor ou muito melhor do que foi Fernando Santos nos últimos oito anos. Não foi um vendaval de “ar fresco”, mas uma brisa ocasionalmente agradável.

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