Patriarcado de Lisboa afasta quatro padres no activo

Cardeal-patriarca de Lisboa toma primeira decisão depois de conhecido relatório. No país, a lista de padres afastados preventivamente sobe agora para 12.

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A lista entregue pela comissão independente ao cardeal-patriarca de Lisboa continha 24 nomes de padres suspeitos Rui Gaudêncio (arquivo)

O cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, decidiu afastar quatro padres do exercício público do ministério. Em comunicado, o patriarcado sublinha que "não existe uma acusação formal a nenhum destes sacerdotes, que, contudo, ficam afastados (...), enquanto decorrem todas as diligências dos seus processos".

O quinto sacerdote no activo apontado como suspeito de ter cometido abusos sexuais de menores na lista que a comissão independente coordenada por Pedro Strecht entregou a D. Manuel Clemente, no passado dia 3 de Março, "já tinha sido sujeito a medidas cautelares", segundo o mesmo comunicado.

No total, aquela lista continha 24 nomes, dos quais oito referiam-se a padres já falecidos, dois eram sacerdotes "doentes e retirados" e três eram padres "sem qualquer nomeação". Dos restantes, quatro eram desconhecidos, um nome referia-se a um leigo e outro a um padre que, entretanto, abandonara o sacerdócio.

Quanto aos quatro padres no activo agora afastados preventivamente de funções, o patriarcado garante que os próprios "solicitaram a rápida busca da verdade e da justiça". A respectiva investigação prévia, destinada a recolher elementos e a verificar a plausibilidade das acusações formuladas, já foi aberta, devendo depois ser remetida para o Dicastério para a Doutrina da Fé.

Na passada semana, a diocese do Porto decidira também afastar temporariamente três padres suspeitos cujos nomes constavam da lista elaborada pela comissão incumbida de estudar o abuso sexual de menores dentro da Igreja, desde 1950 até à actualidade, e que concluiu que pelo menos 4815 crianças foram abusadas no interior da instituição. Da lista entregue ao bispo do Porto, D. Manuel Linda, constavam os nomes de 12 clérigos, dos quais quatro tinham já morrido e um saíra entretanto daquela diocese.

Os restantes sete nomes referiam-se a padres no activo, dos quais acabaram afastados os referidos três, sem que a diocese tenha esclarecido que encaminhamento foi dado nos restantes quatro casos.

Feitas as contas, a entrega a cada uma das 21 dioceses portuguesas das listas contendo o nome de membros da Igreja suspeitos de terem abusado sexualmente de crianças (pelo testemunho das vítimas ou por via da documentação encontrada nos arquivos diocesanos) já resultou no afastamento de pelo menos 12 padres (quatro em Lisboa, três no Porto, um em Braga, outro na Guarda, dois em Angra do Heroísmo, nos Açores, e um em Évora).

A este total poderá somar-se um outro padre, porquanto na lista remetida à diocese de Vila Real, além do nome de dois padres que se reportavam a casos já previamente conhecidos (e que tinham redundado numa pena de suspensão, num caso, e na dispensa do ministério, no outro), constava o nome de um terceiro padre. Este, porém, apesar de residir em Vila Real, está incardinado noutra diocese, em cujas estatísticas deverá ser enquadrado. De todo o modo, a diocese de Vila Real esclareceu que o sacerdote em causa foi "de imediato" suspenso da colaboração pastoral que vinha tendo.

Além dos clérigos, a diocese de Leiria-Fátima, liderada por D. José Ornelas, afastou também um leigo apontado como suspeito, enquanto decorre a respectiva investigação.

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