Direcção Executiva ainda vai ouvir hospitais para decidir o que fazer com os blocos de parto

Responsáveis de alguns hospitais de Lisboa e Vale do Tejo avisaram director executivo do Serviço Nacional de Saúde que completar escalas de urgência é cada vez mais complicado.

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Manuel Roberto

A Direcção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS) vai precisar de mais uns dias para concluir o plano nacional de funcionamento das urgências de ginecologia e obstetrícia e blocos de parto para os próximos meses numa altura em que a falta de médicos especialistas para completar as escalas se continua a agravar em alguns hospitais.

Um exemplo adiantado na reunião desta terça-feira entre o director executivo do SNS, Fernando Araújo, e meia centena de médicos e responsáveis de várias instituições para fazer um balanço da operação “Nascer em Segurança” na região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT) e definir a estratégia para os próximos meses foi o do Hospital das Caldas da Rainha, que terá perdido nos últimos meses “cinco dos nove médicos especialistas em ginecologia e obstetrícia do quadro e disporá agora de apenas quatro”, adiantou ao PÚBLICO um dos participantes que pediu para não ser identificado.

Mesmo que se mantenha a actual situação - em LVT várias maternidades estão a fechar rotativamente desde o início do ano -, vários responsáveis terão alertado que haverá escalas incompletas já nas férias da Páscoa e “pintaram um cenário muito negro para o Verão”, acrescentou a mesma fonte, que disse que Fernando Araújo “pediu mais uns dias” para decidir o que fazer nos próximos meses.

Em nota, a Direcção Executiva do SNS adiantou apenas que se reuniu durante a tarde desta terça-feira com “cerca de 50 especialistas em Ginecologia/Obstetrícia e lideranças da saúde” – incluindo responsáveis dos hospitais de LVT, do INEM, da linha SNS24 e da comissão de acompanhamento que foi nomeada pela ex-ministra da Saúde para encontrar soluções para estas urgências -, e destacou que, nas 12 semanas desde que a operação arrancou, “não voltaram a acontecer quaisquer interrupções não programadas de actividade assistencial, tendo-se restaurado um clima de tranquilidade juntos das grávidas e suas famílias”.

Em Janeiro, recorde-se, a Direcção Executiva anunciou que as urgências de ginecologia e obstetrícia de Lisboa e Vale do Tejo passavam a funcionar, até ao final de Março, com a mesma metodologia de encerramentos rotativos que fora definida para o período de Natal e Ano Novo, e que implica a partilha de recursos e o fecho alternado aos fins-de-semana da maior parte das maternidades da região. Na semana passada, o ministro da Saúde admitiu que este modelo poderá prolongar-se nos próximos meses, devido à falta de médicos.

A Direcção Executiva sustenta que, a par com o investimento na requalificação das infra-estruturas e equipamentos de 33 blocos de partos do SNS – que esta terça-feira voltou a ser aumentado, desta vez em mais sete milhões de euros e para um total de 27 milhões de euros -, o reforço do trabalho em rede e as medidas “que visam captar e manter os recursos humanos” constituem “a estratégia adequada para assegurar uma cultura de segurança e confiança para os utentes e os profissionais de saúde do SNS”.

Quanto ao plano nacional de funcionamento das urgências de ginecologia e obstetrícia e blocos de parto para os próximos meses, esse será concluído “após auscultação das instituições hospitalares das restantes regiões do país, com a devida ponderação e reflexão”.

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