Definição de “trabalhar”, a nova polémica que vai mexer nas regras da Fórmula 1
Neste domingo, Fernando Alonso terminou o Grande Prémio da Arábia Saudita no terceiro lugar e celebrou no pódio com a pompa que se impunha. Depois, tudo ruiu por culpa de uma regra imprecisa.
Em Portugal já tivemos casos polémicos com pequenas imprecisões linguísticas em decretos-lei ou outros documentos oficiais nos quais a escolha de palavras era confusa, ambígua ou, em alguns casos, infeliz. Agora, na Fórmula 1, vive-se algo semelhante.
Neste domingo, Fernando Alonso terminou o Grande Prémio da Arábia Saudita no terceiro lugar e celebrou no pódio com a pompa que se impunha. Depois, tudo ruiu.
O piloto tinha sido penalizado durante a corrida e, quando cumpriu a penalização, numa paragem nas boxes, os mecânicos não poderiam trabalhar no carro. E não trabalharam, mesmo que a definição deste conceito seja bastante ambígua – os dicionários compreendem, pelo menos, uma dezena de definições para a palavra “trabalhar”.
Certo é que, depois da corrida, os comissários detectaram que um mecânico tocou com o macaco na traseira do monolugar e penalizaram Alonso com dez segundos, castigo que lhe retirou o pódio.
Mais tarde, com o protesto da equipa Aston Martin, a decisão foi revertida, já que as regras falam de os mecânicos não poderem trabalhar no carro. E tocar, mesmo com um macaco, é diferente de trabalhar.
VAR na F1?
Os comissários reconheceram que existe falta de clareza na definição de “trabalhar” e, perante o protesto da Aston Martin – que até apresentou vídeos de situações semelhantes que não foram penalizadas –, a Federação Internacional do Automóvel (FIA) não teve outra hipótese que não reverter a penalização e prometer uma revisão da regra.
Na próxima reunião do Comité Consultivo da FIA, agendada para esta quinta-feira, a regra vai ser repensada. No fundo, impõe-se uma clarificação. E distinguir "tocar" de "trabalhar" é um bom começo para esvaziar polémicas num desporto em clara recuperação mediática e já habituado a constantes polémicas regulamentares.
Numa segunda fase, embora nunca para breve, já se fala da possibilidade de haver um VAR na Fórmula 1. Esta decisão sobre a penalização a Alonso surgiu já depois da prova, algo que impediu o espanhol de aumentar o ritmo de corrida em busca de recuperar esse tempo perdido - no fundo, tentar recuperar o pódio que os comissários lhe retiraram depois da corrida, mas que poderiam ter retirado ainda durante a prova.
Um grupo de videoárbitros capazes de tomarem decisões mais céleres teria evitado este problema e não será assim tão improvável vermos a F1 a ceder a este caminho.