Sem porta, sem janelas e sem higiene: três crianças retiradas aos pais por suspeitas de abandono

PSP de Setúbal identificou pai, de 23 anos, e mãe, de 25. Menores, entre os dois e os seis anos, viviam em local sem condições, sem porta nem janelas.

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A “casa” onde viviam as três crianças com os progenitores, em Setúbal Francisco Alves Rito

Três crianças, com idades entre os dois e os seis anos, foram retiradas, na semana passada, da guarda dos pais e levadas para um local de acolhimento depois de a PSP ter identificado os progenitores, que são suspeitos do crime de exposição ou abandono de menores. Segundo a polícia, a família vivia num local sem porta nem janelas e com “grave falta de higiene”.

Na passada quarta-feira, a PSP identificou o pai, de 23 anos, e a mãe, de 25, destas crianças, anunciou nesta segunda-feira, em comunicado, o Comando Distrital de Setúbal daquela força policial. O casal é suspeito do crime de exposição ou abandono de três menores.

Segundo a polícia, as três crianças, com idades compreendidas entre os dois e os seis anos, encontravam-se numa situação “extrema” de “insalubridade”, “denotando grave falta de higiene, hematomas na cara, estando uma delas num avançado estado febril”.

Os pais e as duas crianças dormiam num único colchão, “colocado no chão”, num local “sem porta de entrada e sem janelas que impedissem a entrada do frio”, informa a PSP em comunicado, “para além de não possuir quaisquer condições de higiene”.

A situação foi sinalizada à Comissão de Protecção de Crianças e Jovens, a quem coube a decisão de retirada dos menores aos pais. Na sequência da medida, as crianças foram transportadas para um local de acolhimento.

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O interior da casa onde viviam os pais e os três menores Francisco Alves Rito

Antes disso, e “face à gravidade da situação e ao perigo a que estas crianças estavam expostas”, foi accionado o INEM, que prestou cuidados às três crianças ainda no local onde viviam e as conduziu depois às urgências pediátricas do Hospital de São Bernardo, em Setúbal. Por indicação médica, e apesar de terem tido alta clínica, as três crianças ficaram internadas durante dois dias, tendo tido alta na passada sexta-feira.

Cenário de miséria

O cenário que a PSP descreve é inteiramente confirmado por quem entre na casa onde vivia o casal com as três crianças. O PÚBLICO constatou, no local, que a pequena casa não tem as condições mínimas de higiene e salubridade.

Com as paredes e o chão a desfazerem-se, sem portas e janelas, a casa está cheia de lixo e móveis velhos.

Os vizinhos contam que o casal, que vivia naquele espaço há cerca de um ano, não tinha ocupação fixa conhecida. O homem e a mulher viviam de recolha de sucata e outros biscates. Os moradores do Bairro da Conceição, com quem falámos, que viam a família por ali, dizem que mesmo a criança mais velha, já com seis anos, não deveria andar na escola. “O menino estava sempre por aqui, nunca o vi de mala nem o ouvi falar em escola”, conta um dos vizinhos num grupo que encontrámos no café mais próximo, na mesma rua.

As crianças são uma menina, de dois anos, e dois meninos mais velhos, o maior dos quais com seis anos de idade. A casa está agora devoluta, uma vez que os dois adultos terão partido após a retirada das crianças.

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