Acções da banca afundam na Europa com compra do Credit Suisse pela UBS
Principais bancos europeus acumulam perdas bolsistas com negócio forçado entre os dois maiores bancos suíços.
Na primeira sessão de bolsa depois de anunciada a união milionária entre o Credit Suisse e a UBS, o Euro Stoxx 50, o índice bolsista pan-europeu que agrupa as principais cotadas dos maiores sectores económicos, desvalorizava cerca de 1%.
Neste arranque de semana, as acções do sector financeiro continuavam a ser as mais castigadas, demonstrado que a fusão entre os dois maiores bancos suíços ainda não foi suficiente para tranquilizar os investidores.
Perto das 9h00 desta segunda-feira, o holandês ING Group caía 6,32%, seguido pelo BNP Paribas (5,15%), Intesa Sanpaolo (4,46%), Axa (4,38%), Santander (3,97%) e BBVA (3,61%).
Quanto aos protagonistas deste caso, o UBS perdia mais de 10%, enquanto o Credit Suisse caía cerca de 60%.
Na bolsa de Lisboa, que caía 1,33%, o BCP estava a perder 3,54%, apenas superado pela Sonae, que desvalorizava 7,77%.
A aquisição do Credit Suisse, negociada durante o fim-de-semana para tentar acalmar os mercados e evitar uma crise financeira mundial, será feita por 3000 milhões de francos suíços (cerca de três mil milhões de euros) e envolve uma garantia pública de 9000 milhões à UBS.
Uma das consequências deste negócio que nenhum dos dois bancos queria poderá passar por uma vaga de despedimentos, em particular do lado do Credit Suisse, que tem actualmente 50 mil funcionários e apresentou, em 2022, um prejuízo na ordem dos sete mil milhões de euros.
Outra consequência mais imediata é que a operação envolve o cancelamento (write off) de cerca de 17 mil milhões de euros em obrigações do Credit Suisse, com perda total para os obrigacionistas, e essa é uma das questões que está a causar mais nervosismo nos mercados.
Citando “várias pessoas envolvidas na negociação” entre os dois bancos suíços, o Financial Times escreve nesta segunda-feira que o cancelamento destas obrigações de tipo AT1 (do inglês additional tier one), que envolvem mais risco que as obrigações típicas, “terá repercussões mais vastas” e poderá mesmo resultar num movimento generalizado de venda de dívida obrigacionista de outras instituições financeiras.
Ao jornal britânico, um detentor de obrigações AT1 do Credit Suisse assegurou que a decisão do supervisor financeiro suíço (Finma) “terá consequências de longo prazo” para quaisquer emissões de dívida no sector financeiro suíço.
Horas antes, o fecho das bolsas asiáticas já tinha dado indicações de que nos mercados se mantinha o pessimismo. As acções do HSBC Hong Kong caíram mais de 7%, na bolsa de Hong Kong. Também o Bank of East Asia e o Hang Seng Bank perderam valor, com quedas de 3,32% e 4,63%, respectivamente.