Rui Nabeiro: um exemplo de “honestidade”, “generosidade” ou “carácter”

Do sector empresarial, desde Timor ou do mundo do futebol, a morte de Rui Nabeiro, figura recordada pelo legado que deixa, foi recebida com pesar.

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Rui Nabeiro fundou o Grupo Nabeiro - Delta Cafés em 1961 LUSA/NUNO VEIGA

De todas as partes da sociedade e até além-fronteiras, chovem as reacções à morte de Rui Nabeiro, fundador do grupo Nabeiro - Delta Cafés, visto por todos como um exemplo de generosidade, honestidade ou carácter.

A Delta Cafés recordou o empresário como uma "uma pessoa verdadeiramente inspiradora que fez da sua vida e paixão pelo café um exemplo para todos os portugueses." "Único nas suas qualidades humanas e nos seus valores, deixa-nos um legado de generosidade, empatia e proximidade", afirmou a empresa num comunicado nas redes sociais.

A Associação para o Desenvolvimento Económico e Social (SEDES) apontou Nabeiro como "um exemplo para o país", "um grande homem, um grande empresário e uma personalidade ímpar e consensual da nossa sociedade e da nossa história". "Deixa-nos um humanista, um homem de valores e convicções, com um enorme sentido de responsabilidade social", salientou Álvaro Beleza, presidente da SEDES, em nota enviada à Lusa.

Pela Associação Empresarial de Portugal (AEP), o presidente Luís Miguel Ribeiro, acentuou que o empresário "era um homem com um raro espírito empreendedor, com uma ética e uma visão empresarial fora de série", salientando a tristeza com que a morte de Rui Nabeiro foi recebida pela classe empresarial, devido aos seus "valores humanistas, o legado, a honestidade e o respeito pelo próximo".

A Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), por sua vez, considerou Nabeiro "consensualmente" um dos maiores empresários portugueses de sempre, destacando o seu "espírito distintivo" e a sua "preocupação social". "Rui Nabeiro era possuidor de uma intuição notável, de um sentido de inovação inesgotável e de estratégia e visão empresarial", refere numa nota de pesar.

A Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa (CCIP) enalteceu o "extraordinário exemplo de empreendedorismo, resiliência e inovação" de Rui Nabeiro, que "ao longo de décadas, liderou a empresa com paixão e dedicação". "Foi também um humanista, alguém que colocou o bem-estar dos seus colaboradores, clientes e comunidade no centro da sua actividade. Conhecido pela generosidade e sensibilidade social, deixa um legado de responsabilidade e compromisso social que será sempre lembrado", assinalou a CCIP.

Pela Confederação Empresarial de Portugal (CIP), o presidente António Saraiva, sublinhou que Rui Nabeiro foi um "exemplo de fazer bem, de responsabilidade", assim como de "determinação e de visão", cuja dimensão humana deve servir de "farol" a todos.

O presidente da direcção da Associação Industrial Portuguesa (AIP) afirmou que "a grandeza" do projecto empresarial do fundador da Delta Cafés é "incomum e ímpar", considerando que a história do grupo deveria ser analisada no sistema de ensino. Numa nota à imprensa, José Eduardo Carvalho classificou ainda Nabeiro como uma das "maiores referências empresariais do país de todos os tempos".

Ligações a Timor ou ao futebol

Em Timor, o Presidente da República lamentou a morte do fundador da Delta Cafés, um "homem bom e generoso" e recordou os esforços do empresário português para promover o café timorense no exterior.

"Uma vida longa de grandes iniciativas empresariais, de criar emprego, riqueza para Portugal, para as comunidades onde a Delta estava instalada", disse José Ramos-Horta, em declarações à Lusa em Díli. "Tenho grata recordação dele. Uma pessoa boa, generosa para os trabalhadores e as suas famílias", lembrou.

Também o presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) recordou a ligação de Nabeiro à modalidade e ao Campomaiorense, que "com o seu apoio", levou "escalão maior do nosso futebol e à final da Taça de Portugal, sendo, até hoje, o primeiro e único emblema alentejano a estar presente na grande festa do Jamor".

Numa mensagem no site da FPF, o presidente do organismo Fernando Gomes recordou uma "personalidade relevante da sociedade portuguesa, empresário de enorme sucesso, homem de grande carácter e sentimento", com um "legado precioso que o país deve valorizar e aproveitar".

O comendador faleceu este domingo aos 91 anos no Hospital da Luz, onde estava hospitalizado por "dificuldades respiratórias".