First Republic recebeu 30 mil milhões, acções estão em queda

Instituição financeira foi apoiada por 11 bancos na quinta-feira, numa acção para tentar aliviar a pressão que se tem vindo a sentir e impedir o seu colapso.

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First Republic recebeu o apoio de 11 grandes bancos dos EUA Reuters/MIKE SEGAR

Um conjunto de 11 bancos depositou esta quinta-feira 30 mil milhões de dólares (28,2 mil milhões de euros) no First Republic, de modo a apoiar financeiramente e mostrar confiança na instituição, ameaçada no actual contexto de instabilidade, após o colapso do Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature Bank, provocando efeitos de contágio.

No entanto, o apoio de instituições como o JP Morgan Chase não foi suficiente para estancar a queda das acções. A 8 de Março, as acções First Republic valiam 115 dólares cada uma, desde essa altura sofreram uma forte queda, que ontem chegou a 70%, na casa dos 30 dólares. Esta sexta-feira, pelas 18h20 de Portugal, o valor estava nos 26,24 dólares, com uma queda diária de 26,35%.

O Financial Times (FT) destacou que as acções do First Republic, após uma recuperação, estavam a sofrer um impacto negativo após o anúncio de que ia suspender a distribuição de dividendos “durante este período de incerteza”. A instituição financeira afirmou também que ia diminuir os seus empréstimos e a dimensão das suas operações. O banco de São Francisco não está sozinho nesta tendência de descida, que abrange grandes e pequenas instituições, embora de diferentes formas. Também pelas 18h20, o JP Morgan perdia 3,88%, enquanto instituições de menor dimensão, como o PacWest e o Western Alliance, caíam 14,59 e 13,48% respectivamente.

O grupo que detém o SVB, já intervencionado, pediu esta sexta-feira apoio para reestruturação ao abrigo do capítulo 11 em Nova Iorque, de modo proteger as suas duas outras unidades de negócio, ligadas à corretagem e a investimentos em tecnológicas.

Na Europa, o Stoxx Europe 600 Banks descia 2,25%, e o Credit Suisse registava uma queda de 9,23%, mesmo após o apoio do banco central suíço. O Banco Central Europeu (BCE) convocou esta sexta-feira, conforme noticiou a Lusa, uma reunião extraordinária de supervisão para debater a turbulência que se está a verificar no sector financeiro norte-americano.

O apoio dos 11 ao First Republic

De acordo com o New York Times, o acordo para apoiar o First Republic demorou apenas 48 horas a ser articulado entre as 11 instituições envolvidas, depois de uma chamada telefónica entre a secretária de Estado do Tesouro, Janet Yellen, e o presidente executivo do JP Morgan Chase, Jamie Dimon. Quatro bancos (o JPMorgan Chase, o Bank of America, o Wells Fargo e o Citigroup) depositaram cinco mil milhões de dólares cada um, injectando assim liquidez na instituição, seguindo-se o Goldman Sachs e o Morgan Stanley, com 2,5 mil milhões, e o PNC Financial, o Truist, o BNY Mellon, o State Street e o U.S. Bank, com mil milhões.

Num comunicado conjunto, emitido pelos quatro bancos que depositaram mais dinheiro, as instituições dizem que a sua acção “reflecte a confiança no sistema financeiro” e “ajuda a assegurar que o First Republic tem a liquidez necessária para continuar a servir os seus clientes”. Os trinta mil milhões depositados pelos maiores bancos, acrescenta-se no comunicado, mostra a sua confiança “nos bancos de todas as dimensões”. “Bancos regionais, de média e pequena dimensão são críticos para a saúde e para o funcionamento do nosso sistema financeiro”, referem as instituições.

Depois de constatarem que se tem vindo a assistir à retirada de dinheiro de depósitos não protegidos (a protecção vai até aos 250 mil dólares), as quatro instituições sublinham que “o sistema financeiro tem créditos fortes, elevada liquidez, capitais e lucros sólidos” e que os recentes acontecimentos “não alteraram em nada este cenário”.

Pressão alta

De acordo com o FT, o gestor de fundos Bill Ackman afirmou no Twitter que a acção de apoio dos 11 bancos era um “voto de confiança de ficção” e que o risco de falência do First Republic se tinha agora espalhado para essas instituições de maior dimensão.

Ao todo, segundo as contas do FT, os bancos norte-americanos já pediram apoios de 171,9 mil milhões de dólares à Reserva Federal no meio deste processo, a que se somam os 142,8 mil milhões disponibilizados para assegurar todos os depósitos do SVB e do Signature Bank.

Para a semana, a Fed tem uma nova reunião em que decidirá a evolução das taxas de juro, ligadas ao problema de perdas potenciais com investimentos em obrigações que pressionaram bancos como o SVB.

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