Montenegro contraria Marcelo sobre força do PSD como alternativa à direita

Líder do PSD garante que não falou com o primeiro-ministro sobre propostas de habitação.

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Luís Montenegro espera que PS não esteja a fazer "encenação" de diálogo sobre propostas de habitação Rui Gaudencio

O líder do PSD escusou-se a concordar com o Presidente da República quando disse que a alternativa à direita era fraca e lembrou que a preponderância do PS nas legislativas de 2015 é próxima da que têm actualmente os sociais-democratas.

Luís Montenegro falava no final da reunião da bancada parlamentar do PSD, em que participou esta manhã. Questionado sobre as afirmações de Marcelo Rebelo de Sousa de há uma semana sobre a existência de alternativa “fraca” à direita, o líder social-democrata disse não ter a “percepção” do Presidente e considerou que o Governo “tem um desgaste muito grande” por causa dos escândalos do último ano.

Perante a insistência dos jornalistas de que Marcelo lembrou que não há a hegemonia de um partido no centro-direita e que um eventual Governo só existe se for suportado por coligações, Montenegro disse não querer entrar em “diálogo de análise política” com o chefe de Estado, mas deixou uma sugestão. “Vale a pena irem verificar os resultados eleitorais de 2015 para que se possa concluir que a preponderância do maior partido da oposição, que quis governar sem ganhar eleições, o que não é o meu caso, não anda longe daquela que o PSD tem hoje”, afirmou numa referência indirecta a sondagens.

Em 2015, o PS obteve 32% nas legislativas e o Bloco conquistou 10% e a CDU 8%. Já o PSD, na sondagem da CESOP para o PÚBLICO, RTP e Antena 1 publicada a 22 de Fevereiro, registou 31% das intenções de voto, enquanto o Chega obteve 11% e a IL 8%.

O líder do PSD considerou que o PS tem acusado perdas. “A minha análise é que o PS perdeu uma parte significativa da confiança eleitoral e deslocou-se para a direita do PS, não só para o PSD. Há uma predisposição das pessoas para no futuro poderem vir a confiar num projecto político à direita do PSD”, disse, acrescentando que “a missão do PSD é congregar à sua volta a maior parte desses eleitores, que representam 50% do espectro político.”

Luís Montenegro foi também questionado sobre o teor de um e-mail enviado pela ex-gestora da TAP, Alexandra Reis, para o então ministro das Infra-estruturas Pedro Nuno Santos a pedir a demissão, em Dezembro de 2021, o que levou o líder do PSD a chamar a atenção para outra questão da comissão de inquérito da companhia aérea.

Montenegro acusou o PS de “tentativa de condicionamento” ao ter conquistado a presidência da comissão e terem conseguido na reunião desta quarta-feira a indicação do relator, mas foi confrontado pelos jornalistas com o voto favorável dos sociais-democratas a essa indicação e com o silêncio dos deputados na comissão. Apesar de o PSD poder opor-se à nomeação de um relator do PS, o líder do PSD considerou que “a vontade [dos socialistas] era irrebatível”

“Não falei com primeiro-ministro” sobre habitação

Depois de esta quarta-feira o PS ter viabilizado todas as propostas sobre habitação, o PSD também será chamado a pronunciar-se sobre algumas das medidas do Governo que tenham de passar pelo Parlamento. “Quando derem entrada, devem ter um tratamento de tramitação parlamentar igual ao das propostas do PSD”, afirmou, depois de questionado sobre se a bancada está disponível para aprovar medidas de Governo.

Montenegro disse esperar que este sinal do PS, ao viabilizar os projectos de lei do PSD, não seja uma “encenação” e que não seja hipocrisia política de fingir que anda a dialogar.

Questionado sobre se, ao dizer que entregou o pacote do PSD ao primeiro-ministro, obteve um compromisso de que seria viabilizado no Parlamento, o líder social-democrata assegurou que não conversou com António Costa sobre o tema. “Nunca falei com o primeiro-ministro sobre esse tema. A entrega foi pública. Espero que seja tratado com seriedade”, afirmou, salientando a disponibilidade dos sociais-democratas para o consenso: "Nós demonstrámos a capacidade de sermos mais consensuais, mais profundos e mais competentes na definição de política pública de habitação em Portugal".

Em relação à eleição do vice-presidente da Assembleia da República, que decorre esta tarde com o candidato do Chega Jorge Galveias, o líder do PSD disse que o partido "não mudou de oposição" face à última tentativa de o partido de André Ventura eleger Rui Paulo Sousa, lembrando que está previsto na lei que a mesa tenha representação das quatro maiores forças políticas. Na altura, a direcção da bancada do PSD deu uma orientação de voto favorável ao candidato do Chega.

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