Número de sem-abrigo no Porto baixou para 647 em 2022. São menos 83 pessoas

Redução de 11,4% não evita que 2022 seja o ano com segundo maior registo desde 2017, apenas ultrapassado por 2021.

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Mais de metade das pessoas que vivem nas ruas ou em centros de acolhimento do Porto vem de fora do concelho Paulo Pimenta

Entre ruas da cidade, centros de acolhimento, apartamentos partilhados ou quartos de pensões, o Porto tem 647 pessoas em situação de sem abrigo. Este número apurado pelo Núcleo de Planeamento e Invenção Pessoas Sem-Abrigo (NPISA Porto) significa uma redução de 83 pessoas nesta situação (menos 11,4%) em relação a 2021. Ainda assim, olhando para os números oficiais desde 2017, este é o segundo maior registo.

“Esta diminuição representa menos 60 pessoas (26%) na condição de ‘sem tecto’ e menos 23 pessoas (4,6%) ‘sem casa’”, refere a Câmara Municipal do Porto (CMP), no comunicado que enviou às redacções, nesta quinta-feira, com os dados apurados pelo NPISA Porto, no âmbito do inquérito promovido pela Estratégia Nacional para a Integração das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo.

Citado no texto, o vereador da CMP com o pelouro da Acção Social, Fernando Paulo, sublinha que, “das pessoas em situação de sem abrigo identificadas, apenas 40,5% são residentes na cidade do Porto, assistindo-se a um aumento de 11,4% de pessoas em situação de sem-abrigo face a 2021 provenientes de outros municípios”.

Isto significa que mais de metade das pessoas que vivem nas ruas ou em centros de acolhimento do Porto vem de fora do concelho, o que leva a discussão a uma questão levantada sempre que são conhecidos os números anuais: uma estratégia metropolitana para as pessoas sem abrigo.

E é a esse mesmo ponto que Fernando Paulo regressa, quando diz que “este dado reforça a necessidade premente da adopção de uma estratégia intermunicipal para fazer face a este desafio, ao qual não pode ser só o município do Porto a responder”.

Embora os números apontem para uma descida, quem trabalha na área, como a directora-geral dos Albergues do Porto, Carmo Fernandes, diz que "as estatísticas não espelham metade da realidade".

Quando à caracterização das pessoas sem abrigo, o sexo masculino continua a ser o predominante (82,1%), tendo a maioria desta população entre 45 e 64 anos (66,13%) e entre 31 e 44 anos (21,9%). Também em linha com anos anteriores, a maioria é de nacionalidade portuguesa (87%). Segundo o comunicado da autarquia, a dependência de álcool e substâncias psicoactivas continua a ser a principal causa que leva as pessoas para a rua, embora a percentagem desta causa não seja referida.

A equipa multidisciplinar que conta com cobertura da autarquia e que integra valências de psicologia, enfermagem, psiquiatria e educação de pares acompanhou 328 pessoas em 2022. Este indicador representa uma quebra em relação aos 519 acompanhamentos registados em 2021.

Formado em 2018, o NPISA Porto é constituído por 67 entidades públicas e privadas, tendo função de diagnosticar, planear e activar as redes de resposta municipais a pessoas em situação de sem abrigo.

Entre as respostas da CMP para a população sem abrigo está o Centro de Acolhimento Temporário Joaquim Urbano, a funcionar nas instalações do antigo hospital, bem como 92 camas em apartamentos partilhados.

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