Esta quinta e sexta-feira a festa é reservada ao público escolar e aos seniores, respectivamente, mas sábado e domingo todos estão convidados a rumar ao Jardim Henriqueta Maia, no centro da cidade de Ílhavo, onde acontece mais uma Festa do Pão de Vale de Ílhavo. As padeiras têm presença garantida com os seus cestos carregados de folares e padas, na certeza de que não serão as únicas. Os cardadores, personagens carnavalescas típicas da localidade de Vale de Ílhavo, também irão animar a festa, a par com outro grupo da terra, o Toca Baldar.
A abertura oficial da Festa do Pão está marcada para as 14h30 de sábado. Antes disso, durante a manhã, há “Histórias Mal Cozinhadas”, por Cláudia Stattmiller, para crianças a partir dos 3 anos. Da parte da tarde, e depois de inaugurada a festa, há “O Misterioso Caldeirão Musical”, um espectáculo de teatro físico musicado, com marionetas e muita interacção com o público, onde se explora o universo misterioso e místico com uma forte componente cómica e musical e, ao final da tarde, actua o Grupo Folclórico “O Arrais”.
Na manhã de domingo há uma visita interpretativa às Azenhas de Vale de Ílhavo, com Paulo Morgado, antecedendo uma tarde que será animada pelos cardadores - irão aparecer de rompante no jardim, com os seus saltos, corridas e brincadeiras inesperadas - e pelos Crassh Recycled, que irão vaguear pelo recinto com baldes, capacetes e serrotes convertidos em instrumentos musicais. Haverá ainda vários ateliês - “criar com palha de milho”, “ramo de espiga”, “saco de pão de mesa” e “mete a mão na massa” - e um espectáculo de comunidade, intitulado “Nem só de pão”, (encerrará, pelas 19h00, na Casa da Cultura de Ílhavo, a festa).
Quanto ao pão propriamente dito, estará por conta das próprias padeiras de Vale de Ílhavo, que assegurarão o serviço de venda de pão a partir das 14h30. Às associações Os Baldas e Os Cardadores caberá a venda de pão com chouriço ou bacalhau, entre as 11h e as 21h30, no sábado, e entre as 11h00 e as 18h00, no domingo.
Valorizar um produto tradicional
O objectivo principal desta festa em torno do pão de Vale de Ílhavo - que tem a particularidade de ser feito com farinha de trigo não refinada, proveniente das moagens tradicionais da localidade, e em forno a lenha - passa por ajudar a valorizar este produto tradicional. Isto, numa altura em que continua em cima da mesa a sua certificação IGP - Indicação Geográfica Protegida, assegurou à Fugas o presidente da autarquia, João Campolargo. Ainda recentemente, no âmbito desse processo, a câmara municipal levou uma comitiva de padeiras e padeiros a Santa Maria da Feira para aprender com o exemplo da Fogaça, certificada oficialmente desde 2016.
O próximo passo prende-se com a elaboração do caderno de encargos. “Vamos continuar a trabalhar com as padeiras, a despertar o interesse para as condições que temos de ter, para avançar para a certificação”, destacou o edil. João Campolargo acredita que esta certificação será decisiva para a preservação de um saber-fazer que tem atravessado gerações.
Longe vão os tempos em que o cheiro a pão acabado de cozer invadia toda a localidade, mas a autarquia regozija-se com a perspectiva de várias padeiras terem já garantida a passagem do seu testemunho. “Há pelo menos três pessoas que poderão pegar neste negócio”, adiantou o presidente da autarquia.