Gap Year Summit: viajantes portugueses páram o mundo em Carregal do Sal

Sob o lema “aqui o tempo pára”, Gap Year Portugal reúne viajantes, de Bernardo Conde e Luís Simões a Gustavo Carona, até domingo. No encontro anual, o tempo é para repensar modos de vida.

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Luís Simões, da Worldsketching Tour, que há uma década o leva pelo mundo e Portugal, é um dos convidados Daniel Rocha / Publico

A vila de Carregal de Sal, no distrito de Viseu, recebe entre esta sexta-feira e domingo, pelo segundo ano consecutivo, a 11ª edição do Gap Year Summit, encontro anual de viajantes de todo o país que, em algum momento, decidiram pausar a vida académica ou profissional para conhecer novas realidades do globo.

O evento, com limite de 300 inscritos, recebe todos os anos novos interessados, pelo que os participantes variam entre os 17 e os 70 anos.

Qualquer que seja a idade, para os participantes há sempre a “vontade constante de ser colocado à prova e nunca estar acomodado”, descreve a CEO do Gap Year Portugal, Ana Rita Silva, que em 2018, depois de terminar o ensino secundário, ainda não tinha certezas sobre o seu futuro.

Para descobrir os possíveis rumos a seguir, Ana Rita Silva embarcou, durante cinco meses, numa aventura que atravessou países como a Índia, Camboja, Tailândia e Vietname, e da experiência retirou a “capacidade de adaptação, a tranquilidade de saber que existem vários caminhos diferentes daquele imposto pela sociedade”.

Ainda assim, a administradora da Gap Year Portugal lembra as dificuldades em convencer os pais de que suspender o processo académico era a opção correcta: “enquanto jovens devemos estar preparados para aceitar diferentes rumos. Depois de viajar, estudei enfermagem e agora trabalho na Gap Year, uma área completamente diferente”, explica Ana Rita Silva.

Três dias, cinco palcos, 18 projectos

A CEO da Gap Year Portugal convida os viajantes e aventureiros a descobrirem “novos caminhos” e, até, “ideias de negócio” em Carregal do Sal, vila berço do projecto, e onde este fim-de-semana “o tempo pára”.

Depois de “arriscar” organizar uma edição fora dos “principais centros urbanos”, Ana Rita Silva garante que o regresso do projecto a casa, em 2022, permitiu criar elos entre os participantes e a comunidade de Carregal do Sal, proporcionando dias “únicos”.

Sobre o contraste entre a pacatez da vila e a correria das grandes cidades, a administradora do Gap Year Portugal explica que este é o contexto ideal para suspender rotinas, “sair do conforto das casas, dormir num pavilhão e conhecer pessoas e realidades diferentes”. É o primeiro passo para, meses depois, embarcar no desconhecido, remata Ana Rita Silva.

Muitos viajantes vão chegar a Carregal do Sal por boleia de terceiros, uma ferramenta “importante” para as travessias no estrangeiro, salienta a CEO do Gap Year Portugal (e foi criado até um grupo de WhatApp para boleias até ao evento). Nesse âmbito, o grupo Andamente, que foi à boleia até ao Qatar para apoiar a selecção nacional de futebol no Mundial de 2022, é um dos convidados.

Entre os vários workshops e palestras, os participantes vão beber da experiência e conhecer as memórias de 18 projectos convidados, distribuídos pelo palco principal, Palco Snooze, Palco Rumo by iati, Ponto Pegada e Palco (Re)ação, no qual vão decorrer três mesas redondas.

A 11ª edição do encontro anual promovido pelo Gap Year Portugal vai contar com a presença do fotógrafo Bernardo Conde, que criou recentemente a sua singular agência de viajantes, o médico e viajante Gustavo Carona (também cronista do PÚBLICO) ou Rita Saias, com experiência em viagens de voluntariado em Moçambique e São Tomé, antiga presidente do Conselho Nacional da Juventude e actualmente consultora do Presidente da República para a Juventude, Diálogo Intergeracional e Envelhecimento.

No podcast "Ready. Gap. Go!", de que o PÚBLICO é parceiro, vão em breve continuar a revelar-se as histórias de viajantes que decidiram rumar ao estrangeiro para se redescobrirem e definirem novos rumos de vida.

Mais informações e bilhetes (passe geral a 18 euros, com alojamento no pavilhão municipal mas há que levar tenda, saco-cama, colchão; e bilhete diário a 15 euros) no site oficial.


Correcção: referia-se que Rita Saias é presidente do Conselho Nacional da Juventude, cargo que já não detém, sendo actualmente consultora do Presidente da República.

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