Trabalhadores da Parques de Sintra avançam com greve na semana da Páscoa

Trabalhadores reivindicam o aumento dos salários, do subsídio de almoço, seguro de saúde e valorização das carreiras.

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Palácio da Pena DR

Os trabalhadores da Parques de Sintra - Monte da Lua (PSML) vão estar em greve entre 6 e 8 de Abril, anunciou esta quarta-feira Pedro Salvado, coordenador da secção Distrital de Lisboa do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (SINTAP).

Em protesto, mais de 200 funcionários concentraram-se esta manhã junto ao Ministério do Ambiente e Acção Climática, em Lisboa, o que levou ao encerramento dos espaços geridos pela PSML, como os palácios nacionais de Sintra e da Pena. Um grupo de representantes acabou por ser recebido por dois assessores do Governo. "Ficaram sensibilizados com as questões que colocámos, mas mais nada", disse Pedro Salvado à Lusa.

A tabela salarial, mas também a gestão do serviço, como a limpeza de espaços e a permanência de trabalhadores na empresa, preocupam os trabalhadores. Devido à falta de respostas imediatas, nota Pedro Salvado, os profissionais irão avançar com uma greve durante três dias consecutivos, na semana da Páscoa, em todos os espaços geridos pela empresa.

Numa nota enviada à Lusa, a administração da PSML admite que são formados, anualmente, vários profissionais, mas que não existe capacidade para os manter ou captar. Para manter os colaboradores e responder às principais reivindicações sindicais, a empresa afirma que "tem desenvolvido várias diligências e todos os esforços no sentido de resolver o problema estrutural" e que estão a ser "concretizadas todas as diligências necessárias para a resolução das razões de foro salarial".

Na terça-feira, Pedro Salvado tinha já referido que o SINTAP apresentou, no final do ano passado, uma proposta reivindicativa com uma actualização salarial de 7,5%, garantindo assim um aumento mensal não inferior a 80 euros para todos os trabalhadores.

Perante "o silêncio" da administração, e após nova reunião em Janeiro, onde não foi apresentada nenhuma contraproposta, as reivindicações foram reformuladas: é exigido um aumento de 14% para trabalhadores que fazem 40 horas semanais e de 7% para os que fazem 37,5 horas semanais.

São ainda pedidos um aumento mínimo de 52 euros para todos os trabalhadores, um salário de 1.320 euros no início da carreira de técnico superior, subsídio de alimentação no valor de 8,32 euros, retroactivos a Janeiro deste ano e seguro de saúde no Acordo de Empresa.

Segundo o sindicalista, a empresa enfrentou dificuldades durante a pandemia de covid-19, tendo sido obrigada a contrair um empréstimo, que ainda está a pagar. "A desculpa da empresa é que, por causa da dívida, não pode aumentar salários. Mas, neste momento, a empresa já tem condições para o fazer", realçou, acrescentando que, "das pessoas que entraram este ano para a empresa, 50% já saíram".

De acordo com o SINTAP, "os trabalhadores exigem igualmente a valorização das carreiras de assistentes técnicos e chefes de equipa, a valorização dos técnicos superiores, aproximando o seu salário ao que está em vigor na Administração Pública para uma manutenção dos quadros e evitando a fuga dos trabalhadores mais qualificados".

Algumas destas reivindicações já tinham sido expostas numa greve, também de três dias, convocada no ano passado, e que levou ao encerramento temporário de dois monumentos sob a alçada da PSML.

A PSML é uma empresa de capitais exclusivamente públicos, criada em 2000, sendo accionistas a Direcção-Geral do Tesouro e Finanças, o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas, o Turismo de Portugal e a Câmara Municipal de Sintra. É responsável pela gestão do Parque e Palácio de Monserrate, Castelo dos Mouros, Palácio Nacional de Sintra, Parque e Palácio Nacional da Pena, Convento dos Capuchos, Chalet e Jardim da Condessa d"Edla, Farol do Cabo da Roca, Palácio Nacional e Jardins de Queluz, Vila Sassetti, Escola Portuguesa de Arte Equestre e Santuário da Peninha.