Uma baleia com um problema raro de escoliose foi avistada a nadar com grande esforço, a 6 de Março, no mar de Cullera, cidade na costa leste de Espanha. O mamífero, que tem mais de 17 metros e pesa cerca de 40 toneladas, foi observado pela Fundação Oceanogràfic de Valencia.
Os investigadores da fundação, citados pelo El País, explicaram que a baleia não estava presa a nenhuma rede e notaram que a escoliose, "de origem desconhecida", alterou a anatomia da baleia. Por isso, dificultou os seus movimentos. Auxiliados pela Guardia Civil, veterinários e biólogos da fundação valenciana procederam à avaliação da baleia, salvaguardando que o animal não estava ferido nem emaranhado em redes.
Pelas observações, os especialistas constataram que se tratava de uma baleia-comum (Balaenoptera physalus) – a segunda espécie animal com maior dimensão, depois da baleia-azul (Balaenoptera musculus) – com "um grande desvio na coluna vertebral", que não sabem como surgiu. É mais uma prova de que as deformações na coluna vertebral não são um problema restrito a humanos e animais terrestres.
O grupo tentou instalar um aparelho para localizar e seguir o mamífero, a fim de o monitorizar e de recolher informação sobre a sua trajectória, mas o tamanho da baleia impossibilitou a tarefa.
Poucas horas depois de ter sido identificada e observada, a baleia-comum afastou-se da costa de Cullera. No entanto, avisam os biólogos, é provável que regresse, tendo em conta a dificuldade que tem em nadar em correntes mais fortes por causa da deformação na coluna.
Por isso, as autoridades espanholas emitiram um aviso para que os moradores da cidade avisem a Guardia Civil caso voltem a avistar a baleia. Assim, explica o El País, os especialistas podem voltar a avaliar o estado do animal e recolher informações sobre os problemas que afectam estas espécies aquáticas.
A baleia-comum é um mamífero avistado com frequência nas águas mediterrânicas da costa espanhola, estando a Fundação Oceanogràfic de Valencia vocacionada para analisar a presença, a origem e as ameaças em relação a estes animais quando observados no Cabo da Nau (Valência) e no canal de Ibiza.
Colisão com navios pode estar na origem de escoliose
Citados pelo jornal brasileiro Correio Brazilense, investigadores do Centro Médico Universitário de Utrecht (Holanda) concluíram que o humano é o único mamífero conhecido por desenvolver escoliose sem qualquer causa óbvia.
A ilação resulta do estudo de uma baleia, encalhada na Holanda em Julho de 2019, que apresentava uma deformação rara na coluna vertebral. Segundo os cientistas, o problema, que limitava os movimentos ao animal, foi provocado por um factor externo, responsável por lhe danificar duas vértebras e originar um "desvio lateral agudo". Os investigadores de Utrecht acreditam que as baleias com escolioses graves e raras deverão ser vítimas de colisões com navios.
Em Dezembro, foi noticiado um outro caso de uma baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae) que tinha uma grave lesão na coluna e que conseguiu percorrer cerca de 5000 quilómetros ao longo de três meses, no oceano Pacífico. Também neste caso os investigadores acreditam que a lesão tenha sido causada por uma colisão com um navio.