Reabertura de urgência pediátrica de Loures ao fim-de-semana não está garantida

Ministro da Saúde, Manuel Pizarro, lembrou que o encerramento não decorreu de uma decisão política, mas da falta de recursos humanos.

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O ministro Manuel Pizarro falou em Bruxelas sobre o problema das urgências pediátricas LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

O ministro da Saúde afirmou esta terça-feira que estão a trabalhar para que seja possível que o Hospital de Loures volte a ter a urgência pediátrica aberta durante o dia aos fins-de-semana, uma alteração que está condicionada à resolução da falta de médicos. Manuel Pizarro lembrou que o encerramento não decorreu de uma decisão política, mas da falta de recursos humanos. Relativamente à demissão dos chefes de equipa de medicina interna da urgência geral do Hospital São Francisco Xavier, o ministro disse que irá falar com os clínicos para perceber as “motivações exactas” que levaram ao pedido de demissão.

“A garantia que dei é a que agora repito. Nós vamos trabalhar para ver se é possível que a urgência do hospital de Loures funcione também durante o dia, entre as 9 e as 21 horas, não apenas de segunda a sexta-feira, mas também ao fim-de-semana”, disse Manuel Pizarro à margem de uma reunião entre os ministros da saúde que decorreu em Bruxelas, recusando a ideia de contestação generalizada pelo encerramento das urgências pediátricas de Loures durante o período nocturno e aos fins-de-semana.

“Não considero que haja uma contestação generalizada. O mapa que foi divulgado pela Direcção Executiva do SNS (DE-SNS) é bastante mais moderado que muitas propostas técnicas que foram sendo divulgadas e procura assegurar o que nos parece essencial: que as pessoas possam ter acesso a urgências de qualidade e em segurança e que tenhamos previsibilidade em relação à forma como funciona o sistema”, defendeu em declarações às televisões.

A reorganização das urgências pediátricas foi anunciada esta segunda-feira, pela DE-SNS. Das 14 urgências da área metropolitana de Lisboa, dez mantêm o funcionamento 24 horas e outras três estão encerradas durante o período nocturno, passando ainda a de Setúbal a fechar das 21 horas de sexta-feira às 9 horas de segunda-feira, de 15 em 15 dias. Loures estará também encerrada durante o fim-de-semana. Esta organização vai manter-se até 30 de Junho.

“No caso de Loures não foi uma decisão organizativa nem política que conduziu ao encerramento da urgência. Foi a carência de profissionais, nomeadamente pediatras. Só se formos capazes de resolver essa carência é que poderemos mudar os horários”, disse Manuel Pizarro, repetindo que espera que “ainda seja possível reverter” o encerramento diurno destas urgências aos fins-de-semana.

“Em todo o caso, devo dizer que quer à noite quer ao fim-de-semana, as crianças de Loures e as suas famílias estão protegidas pelo funcionamento de outras urgências, nomeadamente no hospital de Santa Maria e no Hospital Dona Estefânia”, afirmou, referindo que as “as mudanças são sempre momentos de uma certa perturbação” e que as medidas estão a ser monitorizadas e serão alvo de avaliação e “correcções, se se revelarem necessárias”.

Diálogo com os médicos

O ministro foi também questionado sobre a demissão em bloco apresentada pelos chefes de equipa de medicina interna da urgência geral do Hospital São Francisco Xavier (Lisboa) por falta de condições de trabalho. Manuel Pizarro afirmou que falará com os clínicos quando chegar a Portugal. “Dialogarei com os chefes de equipa da urgência do São Francisco Xavier como temos feito com todos. O director executivo do SNS e eu temos mantido esse diálogo. Tenho, quando regressar a Portugal, de ter uma conversa para perceber que motivações exactas estão por trás dessa demissão.”

“Mas não há dúvida que temos, em Portugal, um problema de excessivo afluxo às urgências. Isso não é responsabilidade das pessoas. As pessoas vão à urgência porque não encontram outra resposta. Temos de trabalhar colectivamente para encontrar essa outra resposta, porque este é um problema crónico”, acrescentou.

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