As taxas Euribor desceram esta terça-feira de forma muito expressiva, especialmente nos prazos mais longos, a 12 e seis meses, ao recuarem 0,349 e 0,340 pontos percentuais, respectivamente. Também a taxa a três meses recuou 0,204 pontos percentuais.

Esta forte correcção em baixa do valor das taxas fixadas no mercado interbancário acontece depois da falência do banco norte-americano Silicon Valley Bank​ (SVB), e de alguns receios sobre a solidez de outros bancos de pequena dimensão, que podem obrigar os bancos centrais a moderar a política monetária, até agora marcada por uma constante subida das taxas de juros. No caso da Europa, mais especificamente na zona euro, a queda das Euribor acontece em vésperas de nova reunião do Banco Central Europeu (esta quinta-feira), em que está prevista uma subida das suas taxas directoras em mais 0,5 pontos percentuais.

Com a forte descida, nas últimas três sessões, mas de forma mais expressiva na sessão desta terça-feira, a taxa Euribor a 12 meses, que actualmente é a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, recuou para 3,509%, quando na semana passada atingiu 3,978%, muito próximo da barreira dos 4%.

O comportamento deste prazo é importante porque, segundo dados do Banco de Portugal, a Euribor a 12 meses já representa 43% do stock de empréstimos para habitação própria permanente com taxa variável, enquanto a Euribor a seis meses representa 32%.

Após ter disparado para 0,005% a 12 de Abril, pela primeira vez positiva desde 5 de Fevereiro de 2016, a Euribor a 12 meses está em terreno positivo desde 21 de Abril. A média da Euribor a 12 meses avançou de 3,338% em Janeiro para 3,534% em Fevereiro, mais 0,196 pontos.

No prazo de seis meses, a taxa Euribor, que entrou em terreno positivo a 6 de Junho, também baixou esta terça-feira pela terceira sessão consecutiva, para 3,035%, menos 0,340 pontos, contra o novo máximo desde Novembro de 2008, de 3,461%, verificado a 9 de Março.

A Euribor a seis meses esteve negativa durante seis anos e sete meses (entre 6 de Novembro de 2015 e 3 de Junho de 2022). A média da Euribor a seis meses subiu de 2,864% em Janeiro para 3,135% em Fevereiro, mais 0,271 pontos.

Por fim, a Euribor a três meses, que entrou a 14 de Julho em terreno positivo pela primeira vez desde Abril de 2015, baixou esta terça-feira pela segunda sessão consecutiva, ao ser fixada em 2,753%, menos 0,204 pontos e contra o novo máximo desde Novembro de 2008, de 2,978%, verificado a 10 de Março.

A taxa Euribor a três meses esteve negativa entre 21 de Abril de 2015 e 13 de Julho de 2022 (sete anos e dois meses). A média da Euribor a três meses subiu de 2,354% em Janeiro para 2,640% em Fevereiro, ou seja, um acréscimo de 0,286 pontos.

As Euribor começaram a subir significativamente desde 4 de Fevereiro de 2022, depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter admitido subir as taxas de juro directoras em 2023, face à inflação na zona euro, tendência reforçada pela invasão da Ucrânia pela Rússia a 24 de Fevereiro de 2022.

Na última reunião de política monetária, a 2 de Fevereiro, o BCE voltou a subir em 50 pontos base as taxas de juro directoras, acréscimo igual ao efectuado a 15 de Dezembro, quando o ritmo das subidas desacelerou em relação às duas registadas anteriormente, de 75 pontos base, respectivamente, a 27 de Outubro e 8 de Setembro.

A 21 de Julho, o BCE aumentou, pela primeira vez em 11 anos, em 50 pontos base, as três taxas de juro directoras.

As taxas Euribor a três, a seis e a 12 meses registaram mínimos de sempre, respectivamente, de -0,605% a 14 de Dezembro de 2021; de -0,554% e de -0,518% a 20 de Dezembro de 2021.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 57 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário. Com Lusa